Levantamento do IPAM estima que o desmatamento do Cerrado entre janeiro de 2023 e julho de 2024 emitiu mais de 135 milhões de toneladas de CO2. O desmatamento do Cerrado no último ano e meio foi responsável por emissões de gases de efeito estufa quase equivalentes às da indústria brasileira. Essa é a conclusão de um novo estudo divulgado pelo IPAM, que estimou que a perda de vegetação nativa no bioma lançou mais de 135 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera entre janeiro de 2023 e julho de 2024, quase o mesmo que as emissões de todo o parque industrial nacional, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima (OC). Os dados foram obtidos a partir de imagens de satélite do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) Cerrado.
Professor da UFMS ressalta a necessidade da criação de políticas de manejo do fogo, a fim de minimizar cenários que favorecem os incêndios no bioma. Uma região forjada e dependente do fogo. É assim que o professor Geraldo Alves Damasceno Junior, do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), descreve o Pantanal, que apesar de ser úmido, tem o fogo como peça fundamental para a manutenção de suas características. Isso porque o Pantanal tem fatores que favorecem as queimadas, porém também é vulnerável a situações em que pequenos incidentes se transformam em grandes incêndios. A faísca do escapamento de um caminhão, por exemplo, pode dar início ao fogo com potencial de se espalhar rapidamente a ponto de fazer o caminhão explodir. Mas, este ano, o número recorde de queimadas pode ser explicado pelo que Damasceno chama de Regra dos 30: 30 dias sem chover, umidade abaixo de 30%, temperatura acima de 30°C e ventos acima de 30 km/h.
"O Brasil inteiro respira fumaça, respira fumaça porque não cuidamos da obra que Deus nos confiou", denuncia o arcebispo de Manaus, card. Leonardo Steiner, que ressalta que "a Igreja nesses anos todos tem sempre de novo procurado conscientizar e se responsabilizar nas comunidades pelo cuidado da obra da Criação". A Amazônia passa por um momento dramático, uma situação que tem como causa a emergência ambiental derivada do aumento das queimadas e da seca. Só no Estado do Amazonas, os dados da Defesa Civil falam de 330 mil pessoas atingidas pelos impactos da seca, e todos os 62 municípios do Estado estão em emergência ambiental. Cada dia aumenta o número de comunidades isoladas ou com grande dificuldade de acesso. Uma situação que piora com o aumento das queimadas, o maior número desde 2010, que tem coberto de fumaça Manaus e muitas outras cidades da Amazônia e do Brasil.
Governo e STF defendem a medida, mas Câmara e Senado continuam lavando as mãos nas ações contra a tragédia do fogo em todo o país. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acha que a legislação brasileira contra crimes ambientais é “a mais rígida, dura e forte que existe no mundo”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pede equilíbrio para evitar “populismo legislativo”. E enquanto os líderes do Congresso tergiversam, os incêndios continuam, e o parlamento age como se nada tivesse a ver com isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário