Existem momentos da nossa vida e da história da humanidade em que temos a clara percepção que vivemos numa situação-limite. Ou seja, uma época de grandes confrontações e conflitos que serão determinantes para o seu futuro imediato. A depender do resultado desses embates a humanidade e a pessoa serão obrigadas a tomar uma determinada direção. Ninguém poderá permanecer indiferente e neutro. Assim ocorre na nossa vida pessoal: percebemos de um lado que alguns sonhos se esvaíram e não voltarão, mas sempre aparecem outros. Percebemos que certas condições de existência e de convivência não podem mais continuar do jeito que vêm sendo conduzidas, mas criamos outras e com outras pessoas! Criamos e re-criamos sempre novas formas de vida e de existência, mas elas terão o rosto de quem toma a iniciativa e trabalha para dar uma determinada direção. Nós mesmos nascemos e morremos a nós mesmos permanentemente. O importante é não se deixar carregar pelas enxurradas dos acontecimentos da vida. Inclusive ‘os filhos das trevas’, aqueles que não desejam transformações e querem manter as coisas como estão para poder manter seus privilégios têm que trabalhar ocultamente para criar condições adequadas para que tudo fique do jeito que eles querem.
João Batista não fazia parte desse grupo de pessoas acomodadas e conformadas e que agem na escuridão. Ele queria que o povo entrasse na dinâmica da mudança de vida, pois as condições em que vivia massacravam pessoas e sonhos. Ao mesmo tempo, João percebia que os tempos ‘estavam maduros’, ou seja, que aquela era a hora certa para produzir as mudanças desejadas. A missão de que ele sentia responsável era aquela de ‘ser voz que grita’ nos desertos da vida exigindo o fim da esterilidade e da improdutividade humana. E, ao mesmo tempo, ser ‘testemunha da luz’, de forma que através dela sejam desmascarados os produtores de ‘trevas’. João tinha consciência que mesmo não sendo ele a Luz poderia preparar as condições para que a Luz verdadeira pudesse iluminar as novas praticas e os novos caminhos a serem trilhados. Nós somos uma mistura de trevas e luz. Nós também vivemos esse embate interior, mas ao nos definir e ao nos identificar com mais clareza com a ‘Luz verdadeira’ podemos optar por ser luz que ilumina caminhos, e que vence as noites escuras de tantos caminheiros errantes ainda escravos e desnorteados.
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