Existem momentos históricos que exigem um rompimento claro com tradições e com um conjunto de preceitos e normas sociais. Afinal, são produtos humanos transitórios, próprios de uma época. Não são ‘palavra revelada’ de valor permanente e universal! Os pais de Jesus, filhos da cultura religiosa da sua época, tentaram encaminhar o seu filho para seguir o seu mesmo caminho. Levam Jesus justamente ao lugar que Ele mais detestaria quando adulto: o templo. É justamente no templo que Maria e José se defrontam com Simeão. O idoso experiente não vivia e nem frequentava o templo, mas se alimentava da esperança de uma mudança profunda em Israel. Vai ao templo só para revelar a missão de Jesus que será totalmente desligada da do templo. Simão se torna, agora, o símbolo da nova e profética sabedoria a ser seguida.
Ele entende que a Lei e os preceitos não pouparam Israel da dispersão e do fracasso nacional. Deixa claro para os educadores Maria e José que Jesus, - mesmo contra a vontade deles, - deverá ser educado a ‘ser esperança para todos os povos’ e não somente para Israel. E que por causa disso Ele será ‘sinal de contradição’, motivo de queda e de esperança para muita gente. E que todos aqueles que seguirão o Seu estilo de vida sentirão dentro de si, como Maria, a presença permanente da ‘espada da Palavra’. Ela estará sempre presente para penetrar as profundezas do nosso espírito, questionar nossas escolhas de vida, nossas convicções e dogmas, e atormentar os nossos sonhos de autossuficiência. Maria, com o tempo, entenderá que não era suficiente ser ‘a mãe de Jesus’ mas que devia se tornar também ‘discípula’ do Filho. Disposta a infringir leis e preceitos, decretos e portarias palacianas para preservar todos aqueles que eram considerados pagãos, impuros, comunistas e pecadores. O que estava em jogo, afinal, não era a ‘imagem, o prestigio, e a popularidade’ do seguidor de Jesus, mas a sua coerência com o legado do Mestre!
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