Faz parte da nossa existência sermos submetidos a muitas e diferentes provas. A vida é um teste permanente (40 significa 'sempre'). É natural sentir-se atraídos por algo ou por alguém de que não gostaríamos. E ter que encarar isso não deveria produzir sentimentos de culpa. Ao contrário, deveríamos ver nisso uma oportunidade, um momento privilegiado, pedagógico, para dizer para nós mesmos e para os outros o que somos e o queremos. As tentações de que nos fala o evangelho de hoje representam as provas que a vida nos submete, principalmente quando uma pessoa toma decisões públicas, aparentemente firmes e permanentes. Por isso que o evangelista as apresenta de forma positiva. O próprio testador, o ‘Diabo ou diabólico’ que significa, simplesmente, ‘aquele que desarruma, que dispersa’ tem a função de nos apresentar o contrário daquilo que nós queremos. Entendemos, assim, que cada um de nós faz a experiência de sentir dentro de si tendências contraditórias. Aspiramos a algo bonito, mas sentimos atração pelo seu contrário! Queremos paz, mas semeamos violência. Queremos verdade, mas plantamos mentiras. É nesse momento de teste crucial que cada um tem que dar a sua resposta concreta e real, e decidir qual caminho pretende trilhar. De qual lado vai ficar. Nós, hoje, na nossa realidade social tão caótica e perversa, produtora de morte, somos chamados a proclamar e provar, sem tergiversar, se estamos do lado de um 'Messias' servidor, defensor e protetor dos pobres, ou do lado de um mesquinho 'messias de armas na mão' sedento de poder, que faz do seu desejo de dominação e de dispersão (diabolicidade) o sentido da sua vida. Hoje, mais do que nunca, não é mais suficiente resistir a essa tentação mortífera. É preciso combatê-la, decididamente, embora sem armas de fogo, pois o que está em jogo é a vida e o futuro de milhões de filhos e filhas de Deus feridos e largados à beira do caminho!
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