segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Pulverização aérea de agrotóxicos na região de Açailândia já vem produzindo estragos à saúde pública. Ceará já proibiu a pulverização há um ano sem prejudicar a produção!

Inúmeros relatos de lavradores da região de Açailândia, MA, denunciam a ação sistemática e perniciosa da prática de pulverizar os agrotóxicos nas grandes plantações de soja, mediante a utilização de pequenos aviões vindos de outros estados (Goiás e Tocantins) Muitas plantações estão localizadas próximas de centros habitados, assentamentos e pequenos centros. Existem muitos casos de mortes de pequenos animais, com pessoas passando mal, com prolongados vômitos, enjoos, febre, etc. em alta quantidade e desconhecidos até a chegada da pulverização aérea na região. Talvez tenha chegado a hora para o Maranhão de imitar a decisão tomada pela Assembleia Legislativa do Ceará que no início de 2019 proibiu qualquer forma de pulverização aérea e fundamentando cientificamente os prejuízos que vinha produzindo....

Só 50% do pesticida vai para o solo...o resto nas plantas e em gente!
A pulverização aérea de agrotóxicos está proibida no Ceará desde o início de 2019 por força da lei estadual 16.820/19. Inúmeros estudos nas áreas de saúde coletiva e pesquisa agropecuária alertam para a trágica relação entre agrotóxicos, contaminação ambiental e doenças, em particular o câncer. De 2000 a 2012, por exemplo, pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Universidade Estadual do Ceará (UECE) revelaram que o número de mortes por câncer entre crianças e adolescentes aumentou de forma preocupante nas regiões que concentram os chamados perímetros irrigados no estado, todos eles marcados pelo uso intensivo de agrotóxicos. De acordo com os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mesmo com diversas condições ideais, como calibração, temperatura e ventos, o método de pulverização implica na retenção de 32% dos agrotóxicos nas plantas, enquanto que 49% vão para o solo e 19% são dispersados para áreas fora da região de aplicação.Na Europa, o Parlamento Europeu praticamente proibiu a pulverização aérea de pesticidas nos países da União Europeia (EU) desde janeiro de 2009. Por lá, esse tipo de pulverização só acontece em casos excepcionais, mediante autorização dos órgãos competentes, criteriosamente habilitados por cada Estado membro.

Pesticida isentos de impostos! Um absurdo fiscal.
Mesmo sendo causadores de impactos ambientais com graves consequências para a agricultura, como a morte de abelhas e a contaminação do solo, e também de inúmeras doenças que oneram o SUS, os pesticidas são isentos de impostos como IPI, PIS/Cofins, Imposto de Importação e, em vários estados, de ICMS. De 2010 a 2017, segundo estimativas do TCU, essa renúncia fiscal chegou a quase R$ 9 bilhões.
Mesmo sem pulverização aérea a produção não sofreu prejuízos no Ceará!A proibição da pulverização aérea de agrotóxicos não prejudicou –e nem prejudicará– a produtividade agrícola do Ceará, que fechou 2019 com aumento da produção de 42 itens, incluindo crescimento de 4,55% na fruticultura. O parlamento cearense, no uso de suas competências constitucionais, apontou que quer alimentos mais saudáveis, transição agroecológica, diminuição das doenças causadas pelo uso dos agrotóxicos e diminuição da intoxicação das comunidades. E fez isso com base em sólido rigor científico. Em toda a tramitação da lei, foram apresentados dados e testemunhos científicos. A ciência rigorosa, livre dos interesses do mercado, referenda nossa lei.
Portanto, ao contrário do que escreveu o articulista Xico Graziano aqui nesse Poder 360 no último dia 29, o Ceará não deu um tiro no pé ao aprovar a lei. Pelo contrário, deu os primeiros passos para que a pulverização aérea de veneno seja proibida também em outros estados da Federação. A saúde pública e o meio ambiente agradecem

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