sexta-feira, 14 de maio de 2021

Ascensão de Jesus ao céu - Não fuga sideral, mas espaço inspirador para os seus seguidores 'divinizarem' a terra! ( Mc. 16, 15-20)

No nosso cotidiano fazemos a experiência dramática de perder pessoas queridas. Pessoas de referência. Ficamos transtornados e desnorteados. Pessoas próximas de nós tentam nos consolar, e nos conformar. E nos convidam a ‘deixar partir’ aquela pessoa que nós amamos e admiramos. Com o tempo aprendemos que é possível ficar em comunhão com alguém que se foi, e que se tornou invisível aos nossos olhos. Aprendemos a manter uma ligação afetiva muito intensa, mesmo sem ter a sua presença física. 

Esta foi também a experiência dos discípulos de Jesus! A ascensão de Jesus ao céu não significa distanciamento, e nem separação dele, mas é um ‘deixar Ele ir’ para que os que o amaram, e que ficam, possam senti-lo ainda mais presente! Ir para o céu não é subir na atmosfera e se perder no universo, mas significa estar junto de Deus, e ‘governar’ o mundo como Deus-Pai governa. Este é o sentido de ‘sentar à direita do Pai’. Na antiguidade era o príncipe herdeiro que sentava à direita do rei! 

A solenidade de hoje nos convida a olhar para a terra com os olhos do céu, ou seja, com os olhos de Deus. Um Deus-Pai que olha os sofrimentos e as angústias de seus filhos e intervém. Que vê e se indigna com os demônios da prepotência e da brutalidade humana que escravizam os seus filhos, e os expulsa. Um Deus que sente a mesma dor de tantos corpos feridos, seviciados e violentados e os cura. Por isso o evangelho hodierno de Marcos parece ser a resposta à indagação do final da primeira leitura, em Atos: ‘Porque ficai aí, parados, olhando para o céu? ’  O céu não pode ser fuga de um presente feito de desafios e de incertezas, ao contrário, deve ser fonte inspiradora para ‘revolucionar’ a terra, tal qual faria o Pai se pudesse estar no nosso lugar. 

‘IDE’ e não ‘FICAI’ deve ser o lema dos discípulos de Jesus. Afinal, Ele continua a atuar ao lado daqueles seguidores que não ficam a aguardar sinais e prodígios celestiais, mas fazem irromper nessa terra os valores do céu, os sonhos de Deus. Aqueles que permanecem para sempre, e que ninguém poderá destruir. 


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