domingo, 30 de maio de 2021

Santíssima Trindade - A missão trinitária de libertar/salvar gente dos falsos deuses da violência e do ódio!

O que está em jogo na solenidade da Santíssima Trindade é a identidade do Deus em que nós afirmamos crer! Que Deus é esse? Será que é o mesmo que é invocado por aqueles que perseguem, torturam, humilham, escravizam, matam? Não é suficiente, portanto, dizer que 'eu crio em Deus', mas é preciso se perguntar em qual Deus 'você crê'. O Deus de Jesus, por exemplo, não era, certamente, o mesmo 'deus' que era invocado pelos sacerdotes do templo, e nem por Herodes ou Pilatos. O de Jesus era um Deus de compaixão e de misericórdia, já o Deus invocado pelos sacerdotes do templo e pelos governantes em seus palácios, era o Deus da glória, do poder, da lei, da punição e do castigo.

O evangelista Mateus ao longo de todo o seu evangelho quer deixar claro que Jesus é o ‘Emanuel’, ou seja, O DEUS CONOSCO. Quem vê Jesus, vê o Pai. O Deus de Jesus, se pudesse ser visto, Ele agiria como Jesus agiu: acolhendo, curando, perdoando, sendo compassivo e amoroso. Para Mateus, Deus não deve ser mais ‘procurado, buscado’, pois Ele já se tornou concreto e visível na pessoa de Jesus. Se Deus, então, já está conosco, só nos cabe acolhê-lo, e não buscá-lo! Temos, portanto, que agir como Deus-Pai agiria, e Jesus nos mostrou o modo certo! Já no capítulo 18 de Mateus Jesus afirma que ‘onde dois ou mais estão reunidos em meu nome EU ESTAREI NO MEIO DELES’ e no evangelho de hoje reafirma aos seus seguidores que ‘EU ESTAREI COM VOCÊS TODOS OS DIAS....’ Ou seja, Jesus não foi embora. Jesus não vive nas nuvens ou nos altos céus. E nem vai voltar porque Jesus está definitivamente CONOSCO. É o Emanuel, o 'Deus que está permanentemente presente' na sua igreja e que continua a inspirar gestos de serviço e de amor ilimitado. 

Nesse sentido o evangelho de hoje nos dá algumas dicas claras do que significa ‘batizar todas as pessoas no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’. Aqui não se trata de dica litúrgica, ligada ao sacramento do batismo, de como batizar corretamente. Não se trata, tampouco, de doutrina. As palavras finais de Jesus são uma ordem, um imperativo aos seus seguidores para que todas as pessoas, povos, ‘mergulhem’ (batismo era mergulho nas águas) na experiência de ser amado e acolhido por um Deus Gerador de vida, por um Filho que acolhe e age como o Pai e pelo ‘Espírito’ que é sopro de vida, energia que transforma e santifica. Santificar significa se separar do mal e agir como Deus Pai age em Jesus. Hoje nós somos esses ‘filhos e filhas’ que podem e devem manifestar o Deus Pai, cheio de compaixão e amabilidade que se manifestou em Jesus, desmascarando todos aqueles que apresentam um deus vingador e justiceiro. Hoje, nós não temos a missão de pregar doutrinas, teologias, ou dogmas trinitários, mas de ajudar as pessoas a se deixar imergir-batizar no amor e na comunhão profunda que existe entre Jesus e o Pai, E, ao mesmo tempo, a missão de libertar tantos irmãos e irmãs que continuam a viver na dependência da miséria, da violência, da mentira, da hipocrisia, do ódio, da indiferença humana, da manipulação que cega! Ou seja, a missão trinitária de salvar gente!


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