O jovem indígena Eurico Filho Guajajara da aldeia Coquinho II perdeu a vida, ontem, dia 24 de setembro, ao se chocar numa montanha de barro duro colocado na estrada de acesso às aldeias, entre 18:30 e 19:00, na altura do povoado Alto do Coco, município de Grajaú. A estrada que é frequentada quase que exclusivamente pelos indígenas foi entupida de barro pelo proprietário João Filho conhecido como Paizim que vinha fazendo trabalhos com uma máquina carregadeira em sua propriedade mas deixando entulhos na estrada. Ironia do destino quis que, justamente o pai da vítima, Eurico, poucos dias antes, fosse alertar o não indígena a retirar aquele entulho, justificando que, pela posição em que se encontrava, poderia provocar um sério acidente. O responsável pelo acidente respondeu ao pai que iria retirar imediatamente, algo que, lastimavelmente, não fez. No domingo de ontem, já de noite, Eurico Filho passava com a sua moto, mas não conseguiu avistar em tempo o obstáculo inesperado, perdendo o controle da sua moto e capotando de mau jeito. Não deu outra: a moto caiu em cima do Eurico que, na queda ruinosa, quebrou o pescoço. Poucos instantes mais tarde vinham se aproximando do local outros dois indígenas que, também, perderam o controle ao esbarrar no barro duro e alto que ainda continuava no meio da estrada. Também eles caíram reportando várias feridas, mas não de forma grave.
No momento da edição dessa postagem está ocorrendo o velório de Eurico filho na aldeia Coquinho II, num clima de comoção e de revolta. Um cacique da terra Canabrava informou que o proprietário e autor do acidente ofereceu até um boi para o pai da vítima não abrir inquérito e se livrar de eventuais responsabilidades penais. Não há dúvida que houve homicídio culposo, ou seja, quando a pessoa não tem a intenção de matar, mas mesmo assim acaba provocando a morte de alguém pela sua própria irresponsabilidade, negligência, descuido ou imperícia. A Força Nacional que desde o mês passado se encontra na Terra Indígena Canabrava, solicitada a intervir, deixou claro que não é de sua competência intervir no trágico episódio, e não interveio. Algumas lideranças indígenas estão a solicitar a Polícia Federal e a Polícia Civil para que se investigue a morte de Eurico Filho e o ferimento de outros dois indígenas Guajajara, de forma que atos negligentes como esse não venham a se repetir. A Coordenação da FUNAI de Imperatriz também foi informada do ocorrido, mas até o presente momento não deu nenhum tipo de resposta.
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