A lógica de Deus é original. Age na contramão do senso comum, da lógica da maioria. O seu 'enviado' não é escolhido entre as elites dos palácios, do templo e na prestigiosa capital Jerusalém. O todo-poderoso escolhe o seu ‘representante na terra’ na anônima e suspeita Nazaré, na Galileia dos pagãos, numa casa comum, no ventre de uma moça da plebe, já noiva de um jovem chamado José. Difícil acreditar que esse futuro messias de 'ascendência monárquica' iria arrebentar com os inimigos e reerguer a nação. Difícil acreditar que do ‘lixo social e religioso’ Deus iria separar e empossar aquele que teria a missão de ‘salvar a nação’ que se encontrava à beira da falência. Uma aposta, a de Deus, que, após dois mil anos, se verifica acertada. Os que nasceram nos palácios, filhos de reis e de rainhas, de oligarquias e de democracias, de pais da pátria e de golpistas fardados ou não, continuam a oprimir nações e a sugar o sangue de gente e de bicho. Maria é o símbolo daquele ‘pequeno resto’, do pequeno rebanho que ainda resiste em sua fé: que continua a acreditar contra toda suposta evidência de que a salvação vem dos pequenos, daqueles que sabem cuidar um do outro. Que fazem de sua convivência fraterna e compassiva o seu verdadeiro templo, o seu trono e o seu altar.
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