quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Polícia Federal realiza operação contra exploração econômica de indígenas na cidade de Jenipapo dos Vieiras no Maranhão

Operação cumpriu 10 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de participar do crime na cidade de Jenipapo dos Vieiras. Segundo as investigações, os comerciantes também vendiam mercadorias a preços abusivos.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (17), a operação 'Cativeiro Ilegal' contra a exploração econômica de indígenas no Maranhão. Ao todo, 10 mandados de busca e apreensão domiciliares foram cumpridos na terra Lagoa Comprida, em Jenipapo dos Vieiras, cidade a 438 km de São Luís. De acordo com as investigações, iniciadas a partir de uma denúncia anônima, comerciantes da região estariam retendo indevidamente cartões de benefícios sociais e previdenciários dos indígenas como garantia de pagamento de dívidas. Os débitos seriam fruto de mercadorias vendidas a preços abusivos e empréstimos realizados a juros elevados. Além disso, os investigados teriam feito empréstimos em nome dos indígenas junto a instituições financeiras. Suspeitos cobravam preços absurdos em relação à dívidas e produtos comprados pelos indígenas . Durante a diligência, um dos alvos das investigações foi flagrado pelos agentes na posse de cartões bancários pertencentes aos indígenas. Os cartões foram apreendidos e devolvidos aos titulares com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai).

No decorrer das buscas, a PF apreendeu outros cartões de benefícios, documentos de identidade, armas de fogo e munições. Duas pessoas foram presas em flagrante por posse ilegal de armas. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Maranhão. Os objetos apreendidos serão analisados para determinar se as condutas configuram crimes como apropriação indébita, extorsão ou retenção de cartões magnéticos de contas bancárias vinculadas a benefícios sociais - crime previsto no Estatuto do Idoso caso a vítima seja indígena idosa. O nome da operação reflete a exploração sutil e opressiva enfrentada pelos indígenas, mantidos reféns de um ciclo de dívidas e manipulação econômica. Essa dinâmica, marcada pela retenção de cartões e imposição de preços elevados, cria uma dependência invisível que perpetua a vulnerabilidade dessas comunidades.

Comentário do blogueiro - Depois de séculos em que centenas de Guajajara têm sido usados em trabalho servil, quase escravo, continuamos a presenciar essas formas vis de exploração econômica. Alguém poderia alegar que os índios entregam livremente o cartão do benefício aos comerciantes locais e confiam piamente na sua utilização-manipulação. Caberia uma dupla ação: uma relativa aos comerciantes que cobram absurdos por saberem as dificuldades dos indígenas de 'administrar um cartão' (conferir as mercadorias, somar, subtrair, etc.); e outra ação de caráter pedagógica junto aos próprios indígenas no sentido de não somente alertar do perigo da exploração, mas de eles mesmos aprender a gerenciar seus parcos recursos sem apelar para um comerciante 'patrão' como costumam falar...

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