sábado, 4 de junho de 2011

Ascensão: um novo envio a partir da Galiléia das nações!

Às vezes é preciso voltar ao ponto de partida. No começo de tudo. Mergulhar naquelas experiências que marcaram positivamente a nossa vida. Não tanto para repetir algo impossível a ser repetido. Mas para regressar aos lugares recônditos do coração, da revelação, da manifestação original. De tudo aquilo que começou a dar sentido à nossa vida. Não para matar antiquadas saudades de um romantismo espiritual ou existencial. Mas para nos deixar batizar novamente nas fontes que nos mudaram. Que transformaram pensamentos e práticas concretas. Esta foi a experiência de um bom grupo de discípulos/as de Jesus de Nazaré após a sua morte. Regressar à Galiléia das nações. A Galiléia dos impuros e dos pagãos. Dos rebeldes e inconformados. A Galiléia que conheceu um jovem da sua terra espalhar misericórdia e compaixão aos esquecidos da terra. Aquela Galiléia que num determinado momento havia sido preterida por Jesus. Talvez por achar que em Jerusalém teria tido mais chances para fazer deslanchar a ‘realeza de Deus’. Ou, talvez, por achar que ninguém é profeta mesmo em sua própria pátria. E não valia mais a pena insistir.


Os discípulos/as galileus de Jesus não voltam somente para reencontrar os seus familiares, e regressar ao cotidiano anterior à morte de Jesus. Voltam para sentir novamente as emoções de re-percorrer povoados, aldeias, veredas, e caminhos conhecidos. Neles haviam conhecido um outro jeito de viver e lutar. Voltam às experiências fundacionais. Ao que os havia transformados de pescadores, lavradores, impuros sociais em parceiros de um mestre que muito haviam admirado, mas do qual pouco haviam entendido. Precisaram fazer a experiência traumática da perda do amigo mestre para compreender que tudo havia começado não nas capitais e nas cidades opulentas e influentes, mas lá na sua própria terra discriminada e anônima. Com um co-nacional idealista e sonhador. Compreendem que mesmo na recordação carregada de afeto, devoção verdadeira e amor, ele se foi. Cabia a eles/as, agora, aqui, na mesma terra, dar continuidade ao que todos eles haviam iniciado alguns anos antes. No ‘monte do encontro e da revelação’ fazem novamente a experiência de se sentirem chamados e enviados. Não mais às ovelhas perdidas de Israel, mas a todas, indistintamente.


Sentem ecoar dentro deles/as a mesma voz do itinerante Jesus que ‘inconformado’ os impele a saírem. A irem à procura das ovelhas feridas, desgarradas, perdidas. Para batizá-las na esperança, na vida plena, na comunhão com Pai. Não mais para serem objeto de compaixão, mas para serem discípulos/as de um novo Jesus. O Jesus que age, se move, e anuncia mediante eles e elas. A mesma nuvem que havia envolvido Jesus no Jordão abrindo os seus olhos e o seu coração agora envolve os próprios discípulos/as. Chama-os e envia-os como se fossem outros/as ‘Jesus’. Já não há mais separação entre céu e terra. Entre vida e morte. Entre espiritual e material. Todos estão no Todo. Num universo de luz e comunhão.

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