Os discípulos/as galileus de Jesus não voltam somente para reencontrar os seus familiares, e regressar ao cotidiano anterior à morte de Jesus. Voltam para sentir novamente as emoções de re-percorrer povoados, aldeias, veredas, e caminhos conhecidos. Neles haviam conhecido um outro jeito de viver e lutar. Voltam às experiências fundacionais. Ao que os havia transformados de pescadores, lavradores, impuros sociais em parceiros de um mestre que muito haviam admirado, mas do qual pouco haviam entendido. Precisaram fazer a experiência traumática da perda do amigo mestre para compreender que tudo havia começado não nas capitais e nas cidades opulentas e influentes, mas lá na sua própria terra discriminada e anônima. Com um co-nacional idealista e sonhador. Compreendem que mesmo na recordação carregada de afeto, devoção verdadeira e amor, ele se foi. Cabia a eles/as, agora, aqui, na mesma terra, dar continuidade ao que todos eles haviam iniciado alguns anos antes. No ‘monte do encontro e da revelação’ fazem novamente a experiência de se sentirem chamados e enviados. Não mais às ovelhas perdidas de Israel, mas a todas, indistintamente.
Sentem ecoar dentro deles/as a mesma voz do itinerante Jesus que ‘inconformado’ os impele a saírem. A irem à procura das ovelhas feridas, desgarradas, perdidas. Para batizá-las na esperança, na vida plena, na comunhão com Pai. Não mais para serem objeto de compaixão, mas para serem discípulos/as de um novo Jesus. O Jesus que age, se move, e anuncia mediante eles e elas. A mesma nuvem que havia envolvido Jesus no Jordão abrindo os seus olhos e o seu coração agora envolve os próprios discípulos/as. Chama-os e envia-os como se fossem outros/as ‘Jesus’. Já não há mais separação entre céu e terra. Entre vida e morte. Entre espiritual e material. Todos estão no Todo. Num universo de luz e comunhão.
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