sábado, 18 de junho de 2011

santissima trindade, Santíssima Humanidade!

Falar em Trindade é falar da vocação e do destino do ser vivo humano. Contemplar um Deus-Pai invisível que se torna visível na prática compassiva de um humano Jesus. Reconhecer neste a mesma substância do Deus Pai invisível significa cultuar a humanidade daqueles que reproduzem compaixão e justiça tal como o ‘filho’ - irmão nosso fez. Invocar o Espírito Santo de Deus significa crer que essa relação amorosa, recíproca e inconfundível entre Pai e filho/irmão é extensiva a todos os humanos que se pautam pela humanidade testemunhada por Jesus, e por outros humanos cheios de compaixão.


A questão ‘Deus’ sempre tem rendido muito ao longo dos séculos. Se existe ou não. E se existe, qual seria a sua identidade. Seria a multiforme identidade que aparece na bíblia, ou seria bem maior das imagens identitárias que são apresentadas pelos ‘textos sagrados’ e na pessoa de Jesus Cristo? Afinal, isto seria uma mera produção e projeção cultural específica ou algo mais? Ou uma espécie de ‘revelação’ direta do próprio divino ....que não se deixa ver? Deus seria um conceito que sintetiza a ‘energia vital, cósmica’ que envolve o que existe ou algo mais ‘pessoal’? E se Deus não existe, como explicar a existência da ‘matéria’ que existe. De um início criador pelo qual a matéria surge do ‘nada’. Falsos problemas. Questionamentos inadequados.


A questão Deus terá algum tipo de encaminhamento quando enfrentarmos a questão ‘ser humano’, ou a questão ‘seres vivos’ históricos. Ou seja, quando os humanos conseguirem descobrir a sua ‘vocação divina’ no universo. Quando souberem perceber as potencialidades da plena humanidade que possuem dentro de si. Quando colocarem essa humanidade a serviço da vida de seus pares, dos demais seres vivos e do habitat em que vivem. Quando movidos por fortes valores, atitudes e mecanismos de justiça – elaborados com humanidade – os humanos eliminarem tantas desigualdades e formas de exclusão que eles mesmos geraram. Quando perceberem que a sua humanidade não seria tal se dependesse exclusivamente da sua livre opção de vida. Que se os humanos, afinal, são humanos é porque o divino se apossou deles.


É graças a esse divino-humano que os humanos possuem com o ‘todo’ uma relação imbuída de criatividade, de ousadia, de consciência nova. A que extrapola os limites da matéria palpável e decifrável. Dos dogmas frios e cristalizados que não motivam e nem inspiram práticas e opções inéditas. Descobrir, enfim, que nós humanos somos sim os que revelam o mutável rosto de um Deus que não tem medo de ser confundido com um humano carente de compaixão, de reconhecimento, de estima e de afeto.

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