quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pentecostes - Criatividade, ousadia, profetismo,...e muito mais!



As representações simbólicas e plásticas que herdamos a respeito de pentecostes continuam condicionando e alimentando a nossa concepção e vivência do Espírito. Buscamos definições satisfatórias sobre Ele. Conceitos e interpretações que matem a nossa sede e desejo de compreender a Sua ação. Damos fé que frequentemente reproduzimos na catequese o ‘senso comum’ imperante sobre o Espírito. Falamos, enfim, obviedades sobre ‘Ele’. Esforçamo-nos para encontrar critérios comuns para discernir o que vem Dele e o que poderia ser produto humano. Pois bem, o Espírito foge de tudo isso. Seria mais fácil dizer o que Ele não é, onde Ele não pode ser achado, do que dizer quem efetivamente Ele é! Não vem ao caso. Nem esse esforço compensaria.


O Espírito existe para ser somente ‘sentido’ e interiorizado. Para motivar ações e escolhas corajosas e escancarar portas fechadas e corações endurecidos. Para derrubar dogmas oprimentes e ritualismos vazios. Ora Ele age na pessoa compreendida como individualidade única, e o molda de forma inédita. Ora age dentro de uma comunidade, ajudando as pessoas a tomar consciência simultaneamente de forma que podem agir como se fossem um ‘ser só’! Tudo isso com tempos e ritmos próprios, dificilmente identificáveis. E sem que um agente externo, supostamente legitimado, confirme ou não a Sua presença numa determinada ação. Na maioria das vezes, vislumbramos e sentimos a sua presença depois que tudo passou. Depois que agimos de modo singular, inovador e criativo. Às vezes intuímos que foi o Espírito à distância de anos, quando relemos com outros olhos a nossa vida, o nosso passado.


Pentecostes não representa um acontecimento diferente da tomada de consciência coletiva dos seguidores de Jesus pela qual o Mestre continuava vivo (ressurreição), mesmo que morto. Que Ele estava agindo com e por eles/as pelos caminhos das ‘Galiléias’ da vida, mesmo que sentado à direita do Pai (Ascensão). Pentecostes é a tomada de consciência histórica e o reconhecimento por parte dos seguidores de Jesus da legitimidade que cada um/a deles/as tinha em anunciá-lo e testemunhá-lo de forma autônoma, criativa, atualizada. Percebendo que na multiplicidade dos seus testemunhos há um único Jesus que os congrega, os envia, e descentraliza carismas e ministérios na permanente construção do reino da vida. Que Pentecostes seja liberdade ilimitada para anunciar, celebrar e testemunhar o Jesus Vivo que é patrimônio de todos os seres vivos e não somente de algumas igrejas ou de algumas religiões.




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