sábado, 30 de junho de 2018

Festa de São Pedro - A ‘pedra descartada’ se torna ‘Pedra Angular’ quando se alicerça na ‘Rocha’ que é Jesus de Nazaré (Mt. 16, 13-19)


Todos nós, fazemos a experiência de uma certa divisão interior. Desejamos algo bonito, mas, na prática, fazemos o seu contrário. Como se tivéssemos uma força interior que nos impele, e que foge do nosso controle. Hoje celebramos a festa de SIMÃO-PEDRO. Uma só pessoa, mas projetos e tendências muito diferentes e quase antagônicas entre si. Os evangelhos nos mostram um personagem muito contraditório, mas profundamente humano, direto, espontâneo. A segunda da utilização da palavra ‘Simão’ ou ‘Pedro’ podemos intuir o que vem a seguir sobre ele.... 

Em geral, quando se fala em Simão entende-se um apóstolo coerente, dedicado, fiel. Mas quando se fala em ‘Pedro’ podemos observar o seu outro lado: traidor, inconsequente, teimoso, cabeçudo, incompreensivo. O evangelho que a liturgia escolheu para festa de ‘Simão-Pedro’ o revela com nitidez. Pedro, o teimoso, sem consultar os demais apóstolos é aquele que toma a iniciativa em se expor e dizer com clareza o que ele pensa a respeito de Jesus. Parece até falar em nome dos demais. Talvez sem querer Pedro revela, contudo, uma resposta inédita. Jesus deixa de ser o ‘filho de Davi’ como a tradição ensinava e se torna o ‘filho do Deus vivificante’. Davi era o rei que invadia, ocupava e matava. O Deus de Jesus é Aquele que dá vida, que a defende e a promove. Simão Pedro parece ter compreendido a identidade de Jesus e por isso é elogiado por Ele. Chama-o de ‘bem-aventurado’. Não há dúvida que Pedro nesse caso é um bem-aventurado por se revelar um ‘puro de coração’, verdadeiro, direto e sincero. Se medo de errar ou de fazer um papel ridículo. É o Pedro que se empolga, generoso e autêntico. A seguir Jesus acrescenta ‘Você é uma pedra-tijolo e sobre essa rocha (que sou eu, Jesus!) construirei a minha comunidade’. 
Pedro se torna um dos muitos tijolos ou pedras soltas necessárias para construir, mas Jesus deixa claro que essa construção deverá ser alicerçada na rocha firme que é Ele mesmo! Uma comunidade não pode ser alicerçada na areia movediça e instável. O único que dá firmeza e estabilidade é o próprio Jesus, a rocha verdadeira. E finalizando, Jesus dá um voto de confiança àquele que acreditou que Jesus é o filho do Deus vivificante: o poder, melhor dito, a responsabilidade de não permitir que a comunidade-igreja seja dominada pelo poder da morte. Que o poder dos que ‘vivem na mansão dos mortos’, da destruição, da violência, não prevaleça sobre o projeto de vida de Deus. Que Simão-Pedro e os demais se sintam verdadeiros responsáveis (dar as chaves) para vigiar, proteger, e dar segurança aos seus irmãos no presente e na hora em que o reinado de Deus tomar corpo. Não se fala, aqui, do além, mas do que está por vir no futuro próximo. Afinal, Jesus encarrega àqueles que acreditam na vida e não na morte a missão de preservar e promover o projeto original do Pai que é plenitude de vida para todos. Esta é a missão da igreja do Cristo Rocha!

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