Há tempos na nossa história em que é preciso romper com a tradição. Com o senso comum. Com o corriqueiro. Com o que sempre se tem feito! Esta ruptura traz, muitas vezes, perplexidade, incompreensões, e até divisões. É, contudo, necessária! O episódio evangélico de hoje reflete isso. Lucas relata a seu modo o nascimento de um profeta: João Batista. Tudo perfuma a novidade, a inédito, a surpreendente. A gravidez ‘absurda’ de Isabel; a ‘estranha’ surdez e mudez de Zacarias; nome ‘João’ diferente do nome do pai biológico e que lhe é dado por uma mulher e não pelo pai, como era de costume; a mudança radical de Zacarias que de sacerdote do templo se transforma ‘incompreensivelmente’ em profeta. O seu próprio filho João que em lugar de seguir o pai sacerdote profetiza no deserto, sem fieis e sem sacrifícios! Lucas, com isso, quer nos dizer que acabou a época de tentar conciliar passado e presente, tradição e novidade, velho e novo. Agora chegou o momento para se abrir ao novo, ao inédito desenhado pelo Deus do Novo Testamento, o Deus de Jesus. João será aquele que tenta preparar mentes e corações para que as pessoas se abram às novidades de Jesus:
1. Uma comunidade aberta a tod@s. Aberta ao protagonismo das mulheres que, como Isabel, assume a missão de dar vida-nome aos novos discípul@s-filh@s.
2. Uma comunidade em que as pessoas, como Zacarias, que não se abrem e não escutam a Palavra se tornam mudos, e incapazes de anunciar-profetizar. Contudo, quando se abrem à Palavra não somente começam a falar-anunciar, mas deixam de serem sacerdotes frios de um templo e de liturgias vazias, e se tornam profetas!
3. Uma comunidade profética e misericordiosa, e não de funcionários legalistas e tradicionalistas, reprodutores de uma religião alienante. O sacerdote Zacarias começa a profetizar quando começa a se abrir ao novo e abandona a tradição. Torna pai de fato só quando encaminha seu filho João não ao templo, mas ao ‘deserto’ que as pessoas experimentam dentro de si! Foi, afinal, aquilo que o anunciado Jesus fez!
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