Uma das primeiras calúnias contra Jesus foi de que ele era um ‘comilão e beberrão’. Realmente, Jesus gostava de sentar ao redor de uma mesa farta e comer com todo tipo de gente. Alguns acham, até, que Jesus foi morto por causa do seu modo de estar à mesa: ignorando as normas e as restrições religiosas da época. Comidas e banquetes sempre foram vistos com suspeição pela religião, seja ela qual for. Até evangélicos politizados, nessas nossas épocas de doença e de fome, apelam para uma renúncia à comida, ao jejum... nada solidário! Sabe-se que muitas coisas aconteciam tendo Jesus convidado e sentado ao redor de uma mesa farta. Durante um banquete Jesus narrava parábolas que falavam da misericórdia Paterna. No banquete Jesus rasgava os preconceitos e as leis de impureza impostos pelas elites do templo, pois puros e impuros, ricos ou pobres, religiosos ou ateus, ladrões ou honestos, todos eram obrigados a comer num mesmo único e enorme prato. O banquete se tornava, assim, sacramento de partilha e de acolhida do outro. Era comunhão com o outro, independentemente da sua situação moral, pois todos se reconheciam necessitados de algo e de alguém. Para os judeus o banquete era também sacramento de verdadeira reconciliação. Quando, por exemplo, existia uma situação de intriga, rancor, falta de comunicação entre duas pessoas, a forma para concretizar o desejo de se perdoar e selar a reconciliação era convidar a ‘outra parte’ para jantar ou almoçar juntos. Se a pessoa aceitava, a comunhão e o perdão recíproco estavam novamente restabelecidos. Não é coincidência que Jesus, na sua última ceia, já em clima de conflito e armação, tenha associado a ‘memória dele’ ao comer pão e beber vinho:‘Fazei isto em memória de mim!’ Os olhos dos decepcionados de Emaus se abrem só quando fazem memória do pão repartido nos banquetes do Jesus histórico. Eles que esperavam o libertador glorioso, o insurgente inconformado, entendem que o Jesus assassinado e humilhado continua vivo e presente quando eles próprios sentam à mesa e, como Jesus, oferecem o pão da reconciliação, da ousadia, e da amizade a todos. Quando rompem com as regras e as normas sociais e religiosas que continuam a marginalizar pobres e a negar vida e esperança a tantos famintos de justiça e de cuidados!
Celebraremos de forma autêntica a 'Eucaristia' somente quando decidimos aliar as nossas celebrações e liturgias eucarísticas (sacramentais), - muitas vezes insossas e chatas, - com ações eucarísticas concretas e históricas de combate aos sonegadores de pão e saúde e promovendo a inclusão de todos os famintos!
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