sábado, 18 de março de 2023

IV domingo de Quaresma- Um novo ser para enxergar o mundo com outros olhos! (Jo.9,1-41)

 Não há pior cego do que aquele que acha que enxerga! Assim agimos na vida, de forma paradoxal, fruto irracional da nossa pretensa autossuficiência. Queremos ser o metro-medida de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. Só escancaramos o nosso infame egocentrismo que nos impede de ‘enxergar’ nós mesmos e as pessoas com os olhos da compaixão e da solidariedade. Às vezes, quando começamos a sentir internamente as consequências desse descompasso existencial tentamos nos justificar buscando nos outros, ou num ‘deus’ punitivo, ou num desconhecido destino, os responsáveis da nossa cegueira, e das escuras noites da nossa insossa vida. É preciso ‘renascer’! É preciso que alguém externo a nós, nos coloque no nosso coração tapado o ‘barro vital’, e recrie em nós o novo Adão. Quando essa transformação ocorre nos tornamos para o mundo 'invisíveis desconhecidos'. O mundo parece não nos reconhecer mais. Parece que nos aceitava somente enquanto éramos cegos e dependentes dele, de suas crenças e leis. Quando nos transformamos em pessoas livres e em humildes videntes das nossas e alheias cegueiras, começa a perseguição e a exclusão. Precisamos romper a espiral das múltiplas dependências que nos escravizam para denunciar as trevas interiores de todos os que acham que enxergam e que atribuem a si o poder de declarar quem é cego e quem enxerga. Quem pode ser visto e quem deve ser 'invisibilizado'!


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