segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Yanomami - Garimpo deixa marca de violência e abusos de todo tipo. Chega!

Com consequências que vão da terra ao próprio corpo, o garimpo deixa uma marca de violência contra mulheres indígenas que se perpetua mesmo após a contenção do crime. Em casos subnotificados, mas perceptíveis entre mulheres que acompanham a rotina de comunidades, os problemas vão de agressões físicas à violência sexual, e trazem um sentimento de dúvida sobre como agir ao lidar com a invasão do próprio território. 

A barreira linguística, a invisibilidade e a falta de informação são pontos semelhantes em relatos de representantes indígenas. Em uma visita feita há poucos meses à comunidade Maturacá, no Amazonas, Telma Taurepang conta ter se reunido com mulheres Yanomamis e encontrado um grande número de grávidas ou de indígenas que carregavam crianças pequenas. Em muitos dos casos, fruto de abuso. “Elas foram pegas e estrupadas pelos garimpeiros, pela invasão. Tanto é que os bebês não são da etnia, são bebês brancos, de olhos claros. São bebês de homens brancos”, diz Taurepang. Ela também destaca que a situação foi percebida em maioria por indígenas novas, com idades que variam entre os 12 e 17 anos. “Algumas sofreram violência, outras, por questão da passagem do próprio garimpo, da própria exploração do turismo”, completa a coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira. Mesmo com a subnotificação, o número de registros de violências contra mulheres indígenas no Brasil se aproxima dos 4 mil casos, de acordo com informações compiladas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Os registros, ainda preliminares, apontam 2.474 casos de violência contra mulheres indígenas em 2022, e 1.469 entre janeiro e julho deste ano.É notável o número de incidentes de violência sexual contra meninas, em especial. De acordo com informações, em janeiro de 2023 haveria ao menos 30 meninas yanomami grávidas de garimpeiros”, descreve estudo divulgado pela organização. Além da ação cometida pelos garimpeiros, o relatório também destaca que o avanço da ação ilegal impactou em aumento do registro de violência por parte dos homens indígenas, que passaram a ter mais acesso ao álcool e armas de fogo:  “Levado a maiores graus de violência com base em gênero, incluindo violência doméstica e sexual, perpetrada também por sujeitos de dentro das comunidades”.


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