Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao governo federal, apontam a diminuição acentuada na desigualdade social brasileira. Apesar disso, o Brasil continua entre as 15 economias mais desiguais do planeta. Analistas reconhecem avanços, fruto dos esforços governamentais de distribuição de renda nos últimos anos, mas questionam a sustentabilidade dessas políticas e acusam falhas que dificultam a promoção da justiça social, como investimentos públicos insuficientes em educação e saúde. "Transferir renda para quem não tem traz resultados tanto políticos, como sociais e econômicos, mas os esforços do governo não tocam em alguns elementos estruturais da desigualdade no Brasil. As medidas que vêm sendo adotadas têm impacto de curto prazo, mas em longo prazo não permitem uma ascensão das classes mais baixas", observa Sérgio Costa, professor titular de sociologia da Universidade Livre de Berlim. Analistas questionam a atual pretensa sustentabilidade afirmando que o Estado prioriza a transferência de renda, se esquecendo de investir em estruturas básicas, que permitam o acesso da população mais pobre a serviços essenciais. "Não há investimento em outros tipos de medidas onde a ação do Estado é fundamental, como a promoção da educação pública de qualidade, do transporte público de qualidade", lamenta Sérgio Costa. Ele argumenta que, ao frequentar escolas públicas ruins, os mais pobres são "condenados a permanecer na mesma condição de classe. A economista Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra que as sociedades modernas promovem a igualdade através de uma infraestrutura social de qualidade, aspecto que tem sido deixado de lado na atual política federal. "O gasto social no Brasil é feito para transferir renda para as famílias e não para promover serviços", sublinha. "O governo brasileiro é muito preocupado em transferir renda, o que é importante, mas insuficiente. Os mais pobres não precisam só de renda, mas de oportunidades", destaca. "E os gastos públicos com educação, saúde, transporte e saneamento não crescem na proporção que deveriam." (Fonte: IHU)
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