Um grupo de
pistoleiros ligados a fazendeiros atacou nesse domingo, 30, índios da etnia
gamela por causa de disputa territorial na cidade de Viana, a 214 quilômetros
de São Luís (MA). Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pelo menos
13 indígenas ficaram feridos, sendo que um teve as mãos golpeadas com facão.
Três dos feridos foram levados a um hospital em São Luís. A entidade informou
que o gamela Aldeli Ribeiro levou dois tiros na coluna e teve as mãos
decepadas. O governo maranhense contestou a informação e disse que houve
fratura exposta. Ribeiro passou ontem por cirurgia nos membros. Um irmão dele,
José Ribeiro, foi atingido por um projétil no peito. Inaldo Serejo, um líder
indígena atuante no Estado, foi baleado no rosto e nas costas. Até a noite de
ontem, o estado de saúde dos índios internados era grave.
Em nota, o Cimi disse
que dezenas de gamelas deixavam uma área reivindicada pela etnia no povoado de
Bahias, interior de Viana, quando foram surpreendidos por homens armados. No
momento, ainda segundo o Cimi, uma patrulha da Polícia Militar estava no local,
mas não interveio para evitar o ataque.
Líderes indígenas
cobram uma investigação para descobrir a autoria do atentado aos gamela. Elas
também exigem do governo do Estado e da Fundação Nacional do Índio (Funai)
proteção para as famílias gamelas que moram em aldeias no município maranhense.
O governo do Maranhão
afirmou em comunicado que as polícias Civil e Militar atuaram para inibir os
“conflitos”. “Ao chegar ao local, os policiais agiram para dissipar o
confronto, que resultou na lesão de cinco pessoas (três fazendeiros e dois
indígenas), todas socorridas pelos militares”, disse. A nota não informou o
nome dos fazendeiros que teriam sido feridos.
Em nota, o Ministério
da Justiça disse, inicialmente, que iria averiguar “o ocorrido envolvendo
pequenos agricultores e supostos indígenas no povoado de Bahias”. Depois, em
novo texto, deixou de se referir aos “supostos indígenas” para informar que
“está averiguando o conflito no povoado” e que “já enviou uma equipe da PF ao
local para evitar mais conflitos.”
A Funai informou que
vai montar um “comitê de crise” para tratar casos de violência. Área. Cerca de 700
famílias gamelas vivem em área de 530 hectares próxima ao povoado de Bahias. Há
três anos, líderes da etnia iniciaram processo para retomar áreas ocupadas por
fazendeiros nos anos 1980. A Polícia Civil de Viana registra pelo menos dois outros
ataques à etnia. Um em 2015 e outro no ano passado.
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