sexta-feira, 13 de abril de 2018

3º domingo de Páscoa – ‘Ser testemunhas de um Deus vivo’ – (Lc.24, 35-48)


Por que continuam as dúvidas no coração dos discípulos se já tinham visto Jesus vivo? Será que é somente falta de fé por parte dos discípulos ou aqui está se usando uma linguagem que é um tanto incompreensível? A linguagem dos evangelistas para descrever a caminhada de fé na Ressurreição parece nos atrapalhar um pouco. Eles não estão fazendo crônica histórica. Eles estão fazendo catequese, e não jornalismo! Querem mostrar às suas comunidades, muito tempo depois da morte de Jesus, que Ele continua atuante apesar da sua morte biológica. Em outras palavras: aquele que se foi permanece vivo nos que ficam, desde que estes levem adiante o que ele fez! As aparições são, portanto, recursos literários, e não descrição de um dado histórico! É como se a nossa comunidade, após ter lido e meditado as ações e a pregação de Jesus se perguntasse: ‘Jesus se estivesse aqui conosco, hoje, o que faria e o que diria diante desse ou daquele problema?’ A própria comunidade de forma coerente e conhecedora do jeito de Jesus coloca na boca de Jesus palavras e gestos que a ajudam a iluminar a sua realidade atual. As dúvidas, o medo, a incerteza, na realidade, estão ligadas às antigas expectativas das comunidades com relação ao ‘enviado de Deus’, o Messias. Como Jesus pode ser o enviado se foi humilhado e morto? Como ser seguidores de um crucificado que fracassou? O mundo iria mangar delas! Aos poucos, porém, as novas comunidades se convencem que só um sofredor como Jesus poderia compreender os dramas dos que sofrem violência hoje. Jesus, mais uma vez, se revela às comunidades como aquele que continua trazendo suas feridas abertas e convida a todos a mergulhar na paixão e morte de tantos irmãos que continuam sendo crucificados, não para morrer com eles, mas para dar nova esperança. Não para conformar pessoas, mas para motivá-las a tirar as cruzes e as causas do sofrimento e da violência, mesmo que isso nos custe caro. Mesmo que custe a própria vida!

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