quinta-feira, 5 de abril de 2018

CARTA ABERTA ÁS COMUNIDADES CRISTÃS DA PARÓQUIA SÃO DANIEL COMBONI DIANTE DA GRAVIDADE DO ATUAL MOMENTO POLITICO


São Luis, 05 de abril, de 2018

É de conhecimento público que o STF, ontem, dia 04 de abril, por um apertado e polêmico 6 a 5 não concedeu ao ex-presidente Lula a possibilidade de aguardar, em liberdade, o resultado do julgamento de todos os recursos e apelações como reza a Constituição do Brasil. O ex-presidente Lula sequer foi tratado como um cidadão comum. Foi um evidente julgamento político, e não jurídico. Tudo foi feito às pressas e de forma combinada no caso do ex-presidente Lula, atropelando os procedimentos normais da justiça. Muitos jornalistas e juristas sérios do Brasil e do mundo inteiro ficaram espantados com as arbitrariedades praticadas pela ‘justiça brasileira’ quando, de fato, não existe prova do crime de que vem sendo acusado. Podemos entender, contudo, os motivos de tudo isso: devia-se colocar fora do combate eleitoral e político o candidato Lula. Certamente tentarão manter na prisão por alguns meses o ex-presidente tão somente para evitar que seja reeleito, e após isso, muda-se o entendimento da lei, da mesma forma que fizeram com a senhora Dilma Rousseff. As pedaladas fiscais de que ela havia sido acusada eram consideradas um crime só no caso dela. Foi suficiente ela ser tirada por um golpe parlamentar que as pedaladas fiscais deixaram de ser crime, pois o congresso assim decidiu! 
Esse meu escrito é tão somente uma forma para deixar claro de que lado eu estou, nessa hora em que o Brasil está à beira de um colapso social e econômico. Estou do lado daquelas pessoas que querem sim punir todos os cidadãos (em não só alguns!) que corrompem, e se deixam corromper, roubando dinheiro público, mas sem prejulgar, sem condenar de antemão quem quer que seja, tendo a garantia de que haja havido a aplicação rigorosa de todos os trâmites legais. Em nome de uma suposta e hipócrita honestidade não podemos aceitar condenar quem é considerado corrupto por um setor da justiça sem que ela apresente provas elementares concretas. Não podemos aceitar uma decisão de uma justiça parcial e covarde quando esta age de forma arbitrária, por motivos políticos e pressionada por uma imprensa vendida. Esquecemos que um réu que não foi preso em flagrante delito e responde em liberdade não significa absolvê-lo, nem tampouco seria lhe conceder privilégios. Significa que a sua liberdade, que é sagrada, está acima das mercadorias! Que deverá ser considerado inocente até que se prove o contrário, e que poderá ser preso somente após a apresentação das provas encontradas e julgadas até a última e suprema instância, o que não é caso do ex-presidente Lula e, infelizmente, de centenas de milhares de brasileiros que estão pagando penas de forma injusta e arbitrária nas nossas penitenciárias antes mesmo de se esgotarem os trâmites legais. Termino, alertando todas as nossas comunidades a não permanecerem inermes e indiferentes diante da tragédia que vem se abatendo sobre o nosso País, pois o risco de intervenção militar, de manipulação, bem como o avanço de grupos violentos e intolerantes é bem real. Não se trata de defender este ou aquele candidato, este ou aquele partido, mas defender a inviolabilidade dos direitos de cada pessoa, pobre ou rica que seja, morador da periferia ou das regiões chiques da cidade. Que não nos conformemos com os milhares de casos de arbitrariedades e abusos de toda ordem que cotidianamente são praticados nos nossos bairros! Que a sede de vingança ou a coceira da punição não nos dominem. Que só prevaleça em cada um de nós a construção do verdadeiro ‘Reinado da justiça e do respeito’, com direito e caridade!

Padre Claudio Bombieri – Pároco da Paróquia São Daniel Comboni - Vila Embratel - São Luis, MA

3 comentários:

Unknown disse...

Amei. De acordo. Estou compartilhando

Emerson Rubens disse...

Gostaria de ver essa lucidez em toda igreja do Brasil. Vamos à luta!

INFORMA AÇÃO disse...

Sábias palavras!
Diante de tanto sentimento ruim transmitido pela mídia, a propagação do daquilo que nos fortalece é fundamental para que os cristãos renove as esperanças.