As pessoas não esperam de nós as nossas ‘sobras’. Elas, em geral, esperam de nós o que temos de melhor. Qualidades, habilidades, disponibilidades, serviços, recursos de todo tipo. E se pensarmos um pouco, esta é a melhor forma para nos sentir mais valorizados e mais úteis. Oferecer aos outros o que temos de mais precioso no nosso modo de ser. Afinal, vivemos numa realidade em que muitas pessoas dão muito pouco de si aos outros. Talvez porque todos desconfiemos uns dos outros, e tenhamos a sensação de que todos queiram nos sugar, e se aproveitar. Talvez porque achemos que dando algo, seja o que for, o consideramos mais que suficiente para ‘salvar as aparências’ e sermos vistos como generosos e bondosos.
Os doutores da Lei usavam o que eles consideravam que tinham de mais valioso, ou seja, o conhecimento da sagrada escritura, das orações, das fórmulas e dos preceitos, para fazer o que havia de pior: assaltar as casas das viúvas. Arrancar delas seus poucos recursos em troca de uma imaginária proteção divina. Jesus sentencia que esse tipo de gente receberá a pior das condenações! Não há como negar que hoje em dia muitos pastores de muitas denominações assim ditas ‘religiosas’ continuam a praticar o pior dos crimes: manipular os mais frágeis e os mais simples para se prevalecer sobre eles. O evangelista Marcos, na sua genialidade catequética e teológica, narra que uma dessas viúvas, - vítima dos pilantras doutores da Lei, - foi ao templo. E foi vista por Jesus a depositar tudo o que ela tinha no cofre das esmolas do templo. Diferentemente dos demais fiéis que davam somente ‘as sobras’ que tinham, - ou ofertavam com o intuito de serem notados, - ela deu ‘todas as suas riquezas’ a Deus. A viúva, na sua simplicidade e generosidade, havia compreendido algo que os ‘guias espirituais’ manipuladores de consciências não haviam entendido. A Deus e, portanto, aos seus filhos e filhas, temos que oferecer a totalidade do nosso ser. Nem esmolas e nem sobras! A doação plena de si aos outros é a verdadeira riqueza!
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