sábado, 20 de julho de 2019

XVI domingo comum – Dane-se a tradição que oprime! Livres para transgredir e se tornar discípulos do Mestre! (Lc.10, 38-42)


O trecho evangélico de hoje não é uma crônica de um encontro, num dia qualquer, da vida de Jesus. É uma catequese. É importante, portanto, entrar na mentalidade oriental da época para compreender a mensagem. Vejamos. 

1. Jesus está viajando para Jerusalém com seus discípulos, mas parece entrar sozinho num povoado. Nos evangelhos quando se cita um povoado sem nome significa que se entra num lugar que resiste às mudanças. Um lugar ainda cativo da tradição antiga. Aquela tradição que impede compreender a chegada do novo. Na narração de hoje temos um claro atentado à tradição. Segundo o costume da época quem faz as honras da casa é sempre o homem. Mulher fica na cozinha, pois ela era socialmente invisível. Surpreendentemente, uma mulher, chamada Maria, - que significa ‘senhora soberana, autônoma, livre’ - quebra a tradição. Ela faz as honras da casa a Jesus. Ocupa o lugar que era reservado ao homem. Abandona o seu lugar tradicional e opta por se colocar à escuta do Mestre. Uma transgressão consciente de Maria às normas da época. 

2. Marta, cujo nome significa, curiosamente, ‘senhora da casa’, é a mulher da tradição. Ela fica irritada porque Maria não se importava com o que a tradição mandava, ou seja, ficar invisível e não manter contato com homens transgressores da lei como Jesus! Marta chega até mandar para que o próprio Jesus a apoie na sua reivindicação. Maria, porém, fez livre e conscientemente a escolha de estar aos pés de Jesus. Ou seja, de ouvi-lo e de aprender dele. Maria, afinal, conquistou a sua liberdade interior a duras penas. Sem medo de se expor e de ser criticada. Não foi presente de ninguém! Sabe-se que quem dá também pode tirar. Mas quem conquista às suas custas como Maria fez, é algo que lhe pertence para sempre! Maria escolheu a melhor opção: SER PLENAMENTE LIVRE PARA SEGUIR O MESTRE. O desafio, hoje, para os seguidores de Jesus, é o de não ter medo de romper com paradigmas, vícios, práticas religiosas e outros condicionamentos que continuam a impedir a verdadeira escuta e o seguimento radical de Jesus para construir o Reino da liberdade e da justiça.  

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