A Polícia Federal não se fez de rogada e chegou à Terra Indígena Canabrava, na aldeia Coquinho, Maranhão. Aqui, há vários dias se vive um clima de ‘alta tensão’. Não é para menos. De um lado a Eletronorte que há vários anos vem prometendo aos mais de 17.000 indígenas um plano global de intervenção, através de ações reparatórias e da partilha das royalties da distribuição de energia em cuja área, ao longo de 23 Km, passa a rede de alta tensão. E do outro lado, as centenas de aldeias impactadas que relembram sistematicamente as obrigações legais que a empresa tem para com a população indígena local. Já faz uma semana que o Conselho Geral dos caciques da terra Indígena convidou os diretores da Eletronorte a sentar, dialogar e negociar. Finalmente, uma comissão da empresa chegou à aldeia Coquinho e, na presença de centenas de indígenas, foram expostas inúmeras reivindicações, sem deixar de lembrar a histórica omissão no cumprimento de acordos informais e promessas feitas no passado. Diante da crise generalizada que afeta sobremaneira todas as aldeias, os indígenas engrossaram a voz e intimaram a empresa a comparecer e 'conceder' de forma emergencial uma ajuda econômica. Após inúmeras discussões, parecia que se estivesse chegando a um acordo, mas em vão. A quantia proposta pela Eletronorte foi considerada irrisória pelos indígenas, constatando o elevado número de famílias em situação de precariedade e, principalmente, diante dos ‘lucros’ que a empresa vem acumulando ao longo desses anos.
Alguns caciques revelam que ‘estão cansados de serem enrolados toda vez que há uma audiência para se chegar a um acordo’. Não escondem que existem alguns setores indígenas que propõem ações mais ‘contundentes’ como forma de chamar para a responsabilidade social a diretoria da Eletronorte. No início da semana deu-se conta de que uma das torres que sustenta a rede vinha sendo desmontada com a retirada de alguns enormes parafusos a partir de suas bases. Isso revoltou a empresa que não consegue perceber que, diante da sua própria ‘dureza’, aos índios só restaram essas armas... Hoje, - como alguns já esperavam, - chegou à aldeia a Polícia Federal, em diferentes carros e com um helicóptero. Mais uma vez o capital da Eletronorte deve ser defendido e protegido custe o que custar, inclusive utilizando a argumentação de que iria prejudicar milhares de famílias e indústrias que dependem da rede elétrica. Se isso é verdade, é bom também relembrar as repetidas omissões e descumprimentos de acordos da Eletronorte que beiram a criminalidade. Lamentável, enfim, constatar que a mesma Polícia Federal que defende a Eletronorte não mostra o mesmo interesse, zelo e rapidez para combater madeireiros e invasores de todo tipo que vêm destruindo o escasso PATRIMÔNIO FEDERAL em que os indígenas da Canabrava sobrevivem!
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