De acordo com um relatório recente da Rede Xingu, baseado em seu sistema de monitoramento de desmatamento Sirad, entre 2018 e 2020, madeireiros, grileiros e garimpeiros ilegais destruíram 5.135 km2 de floresta – área três vezes maior que o município de São Paulo. O Sirad, um sistema de monitoramento por radar de desmatamento quase em tempo real, utiliza uma série de algoritmos que processam informações do satélite Sentinel-1, na plataforma Google Earth Engine (GEE), monitorada por analistas da Rede Xingu+. Os especialistas detectaram o que dizem ser um aumento alarmante do desmatamento dentro das 23 reservas indígenas e nove áreas de floresta protegida que formam um “corredor verde” ao longo da bacia do Xingu, que abrange porções dos estados de Pará e Mato Grosso – o primeiro é o lar da maior parte da destruição recente. Embora grande parte da atividade ilegal dentro dessas áreas protegidas seja muito anterior à era Bolsonaro – exploração madeireira e mineração ilegal dentro das reservas indígenas Cachoeira Seca e Kayapó, por exemplo – especialistas entrevistados pela Mongabay disseram que a repentina escalada de 2018 em diante seria o efeito de uma intensificação na sensação de impunidade na região. “O aumento do desmatamento dentro dessas áreas protegidas reflete claramente a expectativa de que elas possam ser reduzidas ou revertidas [em áreas destinadas a atividades econômicas]”, diz Biviany Rojas, coordenadora do programa Xingu do Instituto Socioambiental (ISA).Em levantamento encomendado pelo IPAM, 68% dos entrevistados julgam que medidas de fiscalização e multas são efetivas e que devem partir do governo, mas apenas 13% acredita em sua capacidade de conservar o bioma.
Netflix acaba de lançar o documentário Rompendo Barreiras: Nosso Planeta (Breaking Boundaries), de Johan Rockström e David Attenborough, sobre como a humanidade levou a Terra para além dos limites que a mantiveram estável por 10 mil anos, desde o início da civilização.
O documentário mostra quão perto estamos de alguns pontos de ruptura (tipping points). Fala também da necessidade que se apresenta à humanidade de engajamento numa transição que seria impensável há poucas décadas. Dois desses limites – o da perda de biodiversidade e o da mudança climática – têm relação direta com o desmatamento das florestas tropicais. As florestas tropicais abrigam a maior biodiversidade terrestre e fluvial do planeta. O atual ritmo de desmatamento destas florestas é responsável por aproximadamente 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Estes gases são assim chamados por segurarem calor na atmosfera. No Brasil, as emissões geradas pelo desmatamento são 45% [1] do total de emissões do país. Só o desmatamento da Amazônia é responsável por 36%. A destruição piora o aquecimento global e acelera a extinção de espécies.
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