Povos Kayapó que habitam as terras indígenas no sudeste do Pará estão sofrendo o impacto da alta demanda da China por manganês, um metal indispensável para a fabricação do aço que abastece obras de infraestrutura bancadas pelo governo do país asiático. A corrida pelo minério jogou o preço internacional nas alturas e, no Brasil, a consequência foi um aumento da ilegalidade. “A Polícia Federal tem apreendido quase que semanalmente caminhões com manganês em barreiras no interior do Pará”, confirmou em fevereiro a Agência Nacional de Mineração (ANM), através de sua assessoria de imprensa.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (9), o povo Munduruku denunciou um ataque contra o ônibus que levaria lideranças da Terra Indígena (TI) Munduruku, na região do Alto Tapajós, no Pará, para Brasília, onde projetos anti-indígenas correm risco de ser votados na Câmara dos Deputados e julgamentos decisivos – para o povo Munduruku e para o conjunto dos povos indígenas do Brasil – ocorrem nesta e na próxima semana. “Na manhã do dia 9 de junho no município de Jacareacanga, o ônibus que iria buscar nosso comitiva do Alto Tapajós para levar à Brasília foi atacado, teve seus pneus furados e o motorista foi ameaçado, se não saísse da cidade o ônibus iria ser queimado. Não havia ninguém no ônibus”, informa uma nota do movimento Ipereg Ayu. Nos últimos meses, os ataques de garimpeiros que atuam ilegalmente na TI Munduruku contra lideranças do povo têm se intensificado. No dia 26 maio, garimpeiros armados atacaram uma aldeia e queimaram a casa de Maria Leusa Kaba, liderança contrária à mineração e ao garimpo na TI Munduruku. Outras ameaças se seguiram ao ataque, que ocorreu em represália a uma operação de fiscalização e combate ao garimpo ilegal na região. Apesar do clima de terror, no dia seguinte ao ataque, as forças federais e estaduais se retiraram da região e deixaram os indígenas sem proteção. No dia 29 de maio, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal determinou o retorno de forças federais a Jacareacanga, para garantir a proteção do povo Munduruku.(Fonte: IHU)
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