A pergunta é pertinente: haverá futuro para o Brasil e o mundo enquanto o capital financeiro tratar o planeta como um imenso cassino e perseguir, como prioridade, o aumento de sua riqueza privada? Parece que a resposta é não.
Segundo o Relatório de Riqueza Global, divulgado em 24 de junho pelo banco Credit Suisse (o que tornam os dados insuspeitos), em 2020 quase metade da riqueza total do Brasil (49,6%) ficou em mãos do 1% mais rico da população (pouco mais de 2 milhões de pessoas). Vinte anos atrás esse segmento privilegiado detinha 44,2%. No âmbito global, 10% mais ricos concentram em mãos 82% da riqueza mundial, sendo que quase a metade (45%) em mãos do 1% superprivilegiados. Apenas a Rússia concentra mais riqueza que a elite do Brasil. Isso poderia ser corrigido pela atual reforma tributária, que dá um tímido passo ao tributar dividendos dos acionistas de empresas. Deveria também, para ser efetiva, isentar todos que ganham, por mês, até 10 salários mínimos; adotar o imposto progressivo; cobrar Imposto Territorial Rural das propriedades do campo; e tributar as heranças, exceto pequenos valores. Pesquisa recente do Datafolha para a Oxfam Brasil constatou que a maioria dos brasileiros (56%) é favorável a aumentar a tributação dos mais ricos para financiar políticas sociais e, assim, reduzir a desigualdade social. E nove em cada dez pesquisados defendem que a prioridade do governo deveria ser a redução da desigualdade social. Quando a humanidade se convencerá de que os direitos humanos devem prevalecer sobre os supostos direitos do capital privado? (IHU)
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