sábado, 11 de setembro de 2021

24º domingo comum - O seguidor de Jesus que quer se dar bem na vida será um eterno infeliz! (Mt. 8,27-35)

Ao longo da nossa vida fazemos muitas experiências de morte. São momentos de angústia e de desânimo que parecem minar a nossa vontade de lutar e de viver. Experiências em que os nossos sonhos e ideais não encontram correspondência na realidade crua do dia-a-dia. Sonhamos com algo bonito, mas nos chocamos com uma realidade totalmente contrária. Percebemos que não somos os donos de nós mesmos, e nem dessa vontade pessoal. Sentimos interiormente a obrigação de ter que fazer algo que não foi planejado por nós! Diante disso, alguns se assustam e fingem que nada está acontecendo. Outros se fogem da realidade, e se refugiam em experiências alienantes. Outros encaram e assumem com coragem o que a vida lhes apresenta, gostando ou não! Algo que não pode ser negado e nem evitado. 

O trecho evangélico desse domingo põe em evidência as circunstâncias em que Jesus começa a se compreender como um profeta rejeitado e perdedor, pelo menos perante os olhos humanos! Jesus começa a perceber que todos, - inclusive os seus discípulos, - não entendiam e nem aceitavam a sua mensagem sobre a proximidade do Reino de Deus em favor dos pobres. Toma consciência que a sua missão não vinha criando grandes impactos, e estava afastando muita gente. Diante da perspectiva do fracasso Jesus sente que chegou a hora de mudar de metodologia. E Ele próprio começa a ter uma nova compreensão de si mesmo e da sua missão. A narração de Mateus colocada justamente bem no centro do seu evangelho se apresenta como um divisor de águas, uma situação-limite. Agora é tudo ou nada! A partir desse momento crucial o ‘novo Jesus’ deixa claro algumas atitudes que devem se tornar centrais para qualquer seu seguidor!

1. Jesus proíbe a Pedro que continue achando que Jesus é o Messias glorioso, vencedor, triunfante, vingador, dominador como todos achavam! Jesus deixa claro que todo discípulo que tenta segui-lo para se dar bem na vida é um verdadeiro satanás! Quem entra no grupo de Jesus para obter prestígio e poder está deformando a missão e a identidade de Jesus. E deixa de ser um cristão seguidor. Vira um mercenário! 

2. Para Jesus é importante que o discípulo não fuja diante dos desafios da missão, e nem se apavore diante dos possíveis fracassos, perseguições e sofrimentos, pois isso faz parte da própria missão. A igreja de Jesus não promete benesses e nem ilude seus seguidores. Quem acha que a nossa igreja é um trampolim para uma vida de sucesso e de bem-estar errou de endereço!

3. A última dica de Jesus aos seus discípulos pode chocar muita gente, ou seja, renegar a si mesmo e carregar a cruz! Renegar a si mesmo não significa rejeitar o bom e bonito que somos e que temos, e ao qual temos que aspirar, sempre. Não significa tampouco renunciar a lutar e defender os nossos direitos à felicidade. Ao contrário, para Jesus significa renegar e rejeitar as nossas ambições interiores e os projetos de dominação, opressão e manipulação que existem dentro de nós! E. sabendo que quando fazemos isso, tal renúncia produz necessariamente cruz, humilhação e perseguição por parte de quem fez outras opções de vida! A recusa a seguir Jesus no sofrimento significa perder o sentido da própria existência. Perde-se a felicidade interior própria de quem se sente em paz consigo mesmo e com os outros. 

Cair na tentação de levar adiante os próprios projetos de dominação, de esperteza, de salvaguarda de privilégios pessoais, vai necessariamente produzir sentimentos de perdição e de infelicidade. Jesus, o profeta sofredor rejeitado, nos ensina que é preciso desmascarar hoje as falsas promessas de salvação e felicidade fácil e imediata. Que é preciso ir contra as tendências planetárias segundo as quais se salva e sobrevive somente aquele que sabe ser atrevido e esperto em tirar proveito de tudo e de todos, sem ética e sem respeito. Quem assim agir já perdeu a sua vida, mesmo que não venha a ser materialmente “crucificado”.


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