Busca de proteção, não de diálogo e pacificação
“O texto (do presidente) pode parecer um recuo, mas é, na verdade, um pedido de habeas corpus para um político em perigo. Os dez parágrafos da declaração publicada nesta quinta (9) pelo Planalto dão todos os sinais de que Bolsonaro está em busca de proteção, não de diálogo e pacificação. No texto, o presidente ignora sua ameaça pública de descumprir decisões judiciais e torce para que a manobra seja suficiente para não ser punido pelos crimes que já cometeu” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-09-2021.
Impeachment. Conversas ganham corpo
“O presidente percebeu que as investigações contra seu grupo político vão continuar e que conversas sobre um impeachment começam a ganhar corpo. Ameaçado, ele simula um passo atrás para reduzir temporariamente as pressões sobre o governo até que fique confortável o suficiente para atacar de novo”
Bolsonarismo sem Bolsonaro
“Bolsonaro é destrambelhado e estúpido demais, e os bolsonaristas logo precisarão de alguém melhor. Um indício de que já começaram a se mover sozinhos é a classificação de "frouxo" dada publicamente a ele por um patético caubói caminhoneiro, por Bolsonaro ter ordenado a dissolução da greve da categoria. Hoje sabemos que o bolsonarismo já existia antes de Bolsonaro. O trágico é descobrir que talvez sobreviva a ele”
Barbarizar – atitude ‘racional’ de Bolsonaro
“Bolsonaro é motivo de incertezas que chutam o dólar para cima, tolhem investimentos e provocam aumento de preços preventivos. Quanto mais durem as incertezas, como as fiscais, mais difícil conter a deterioração por inércia: inércia da inflação, de contenção de consumo e investimento por precaução, das condições financeiras ruins. Dado o estrago que já foi feito, quem sabe a atitude “racional” de Bolsonaro seja mesmo barbarizar. Se por mais não fosse, tem ainda o impulso essencial da imbecilidade desvairada e de seu projeto de fundo (tirania e escapar da cadeia)”
Bolsonaro dá chapéu em ministros e entrega a Temer papel de pacificador
“É dura a vida de quem tem de lidar com Jair Bolsonaro. Flávia Arruda e Ciro Nogueira suaram a camisa depois da terça-feira do 7 de Setembro para convencer o presidente a desarmar o espírito e estender a mão ao STF, mas tomaram um “chapéu” do presidente. Fizeram a cama, nas palavras de um palaciano, mas quem deitou nela e ficou com a fama foi Michel Temer, muito à vontade no papel de “pacificador”.
O ex-presidente ainda conservou a imagem de “independente”: na mesma terça fatídica, chancelou, com Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, a dura nota do MDB contra Bolsonaro” - Alberto Bombig e Matheus Lara – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 10-09-2021.
Vixe
“Para piorar, enquanto Bolsonaro se entendia com Temer, e os “moderados” do Planalto, junto com Arthur Lira, trabalhavam pelo armistício entre Poderes, Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, castigava o governo e Bolsonaro na GloboNews”
Por…
“Segundo um conhecedor das tramas do Planalto, o “erro” de Lira e de Nogueira foi figurarem em reportagens da imprensa no papel de “fiadores” da estabilidade e da moderação, capazes de frear Bolsonaro. Esqueceram-se de combinar com o presidente”
…conta
“Bolsonaro fica contrariado com esses movimentos e gosta de fazer justamente o contrário”
Bichos
“Os adversários de Bolsonaro foram à loucura nas redes sociais. “O leão virou um rato”, escreveu João Doria (PSDB-SP)”
Raiva, ameaças e agressões
“Não dá para tapar o sol com a peneira: os atos de 7 de Setembro, que não foram a favor de nada, só a favor do próprio Bolsonaro e contra o Supremo e a democracia, foram um sucesso para ele. Mas, em vez de comemorar, de transmitir segurança e alegria – como gostaria Ramos – o presidente jogou tudo fora ao reagir com raiva, ameaças, agressões” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 10-09-2021.
Erro grave
“Um erro grave nos esportes e na política é subestimar adversários. É imperdoável as esquerdas e a oposição em geral tentarem reduzir o peso político dos atos, que tiveram expressiva participação popular. Ok. Não havia 500 mil em Brasília nem 2 milhões a 3 milhões em São Paulo, como esperava Bolsonaro, mas as imagens não mentem. Tinha muita gente, sim, muito mais do que o razoável em meio à pandemia, o desemprego e a miséria, com um presidente que não governa, vive de messianismo”
Passo de mágica
"As coisas não ficarão como estão e nem tudo mudará para melhor subitamente num passo de mágica. Estava claro. Este é o Brasil, o país do 'deixa disso' e do 'veja bem'" – Bernardo Kuster, editor do jornal olavista Brasil Sem Medo – Folha de S. Paulo, 10-09-2021.
Covarde
"Este é o meu recado para o presidente Bolsonaro. O general que vai para a guerra com medo de levar um tiro é tido como covarde... E não merece a lealdade da tropa nem as honras do soberano" - Wagner Cunha, que se apresentou como psicólogo, escritor e ativista político – Folha de S. Paulo, 10-09-2021.
(Fonte: IHU)
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