Os dados revelados pela pesquisa encomendada pela Assembleia Legislativa, de que 45% dos gaúchos perderam metade da renda na pandemia, já eram esperados, segundo o economista Fernando Ferrari Filho. De acordo com ele, a situação da população gaúcha não é muito diferente da do restante do país. "Com a pandemia, que afetou não somente a demanda, mas, principalmente, a oferta devido ao lockdown, era esperada uma queda substancial da renda da sociedade gaúcha, seja porque a taxa de desemprego aumentou (atualmente ela se encontra acima dos 14,0%, em nível nacional, e próxima a 9,0% no Rio Grande do Sul), seja porque o endividamento das famílias e das firmas cresceu expressivamente". Nesse sentido, reitera, "o crescimento da desigualdade tanto da renda, quanto da riqueza dos gaúchos, ao longo da pandemia, era outro aspecto esperado. Ao mesmo tempo a economia gaúcha também é muito dependente do setor do agronegócio que, por sua vez, depende dos preços das commodities internacionais e da demanda externa". Além disso, acrescenta, "tanto alguns períodos de estiagem, quanto a combalida situação fiscal do governo estadual, acabaram contribuindo para a queda da renda da sociedade gaúcha".
Neste cenário de crescimento das desigualdades, do desemprego e da perda de renda, sublinha, “não se pode prescindir de gastos governamentais para mitigar o impacto da pandemia na economia”. “Tanto em nível federal, quanto no Rio Grande do Sul, a necessidade de se implementar uma agenda econômica que não seja pautada pela lógica da 'austeridade fiscal expansionista' é fundamental para a reversão da crise econômica. (...) Renda mínima universal, sem dúvida alguma, é o meio para não somente proteger a população excluída socialmente, mas para gerar um efeito multiplicador de renda na maioria dos municípios brasileiros.” O economista também comenta a situação fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e as perspectivas para o próximo ano. "Ajuste fiscal é importante, mas ele não pode ser feito através única e exclusivamente da austeridade fiscal. Obviamente, o ajuste fiscal ideal é o que decorre do aumento da arrecadação face ao crescimento dinâmico e sustentável da atividade econômica”, argumenta. (IHU)
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