Chegou ao Brasil, recentemente, um amigo que havia trabalhado como missionário ao longo de vários anos no sul desse Estado. Veio com seus dois filhos. Um deles, de 14 anos, tetraplégico. O pai com uma paciência e uma dedicação indescritível o levantava e o carregava em seus braços. Dava-lhe banho, e trocava-lhe as fraldas. Colocava a comida na sua boca e ajeitava-o direitinho na cadeira de rodas toda vez que precisasse.Veio-me espontâneo ao ler o evangelho hodierno relacionar esses gestos com os dos ‘quatro homens’ que carregaram o paralítico até Jesus. Em geral, a ênfase nos comentários bíblicos, é dada exclusivamente ao encontro de Jesus com o paralítico. O que não deixa de ser, na narração de Marcos, algo magistral. Contudo, se observarmos com mais atenção o texto podemos constatar que o que chama a atenção de Jesus num primeiro momento, - e foi o momento determinante, - é justamente ‘ a fé que eles (os quatro homens) tinham’ (v.5). É por causa dessa fé que Jesus se dirige ao paralítico trazido pelos ‘quatro’ e lhe anuncia que os seus pecados estavam perdoados. Como não ver nesse ícone a ação samaritana de tantos homens e mulheres que movidos pela compaixão e pelo amor gratuito ‘carregam’ sistematicamente em seus braços cheios de afeto e gratuidade aqueles que não podem ou são impedidos de ‘caminhar’? Na narração de Marcos vemos que são ‘os quatro homens’ que tomam a iniciativa de promover o encontro do paralítico com Jesus. São esses ‘cirineus’ da vida que carregam a dor, a cruz e o drama de inúmeros paralíticos, antes mesmo de carregar seus corpos. Que compreendem seus sonhos e seus desejos de alcançar a cura e a autonomia definitivas. Que partilham a mesma fé no poder de Jesus. Fé partilhada que se traduz em solidariedade concreta com os necessitados.
São esses ‘homens e mulheres’ compassivos que encontramos ao longo do nosso caminho que ajudam os ‘incapacitados de andar’ a romper barreiras. Que abrem caminho dentre os preconceitos e as maldições da multidão para que ‘nós paralíticos’ avancemos para o encontro com Jesus. Uma multidão tão cega que é incapaz de enxergar aqueles que dentre ela não possuem as suas mesmas oportunidades. Desejosa somente de se beneficiar pessoal e egoisticamente através do contato com Jesus. Que se torna tão dura de coração que não só dificulta o acesso aos ‘quatro homens’ e ao paralítico, mas que também lhes barra o caminho. Para que o encontro com Jesus não aconteça. Imaginemos, por um instante, a coragem, a ousadia e a criatividade dos ‘quatro’ ao perceberem a impossibilidade de entrar na casa pelos ‘caminhos normais’. Impedidos pela multidão ‘invadem’ a casa abrindo um buraco no teto. Como não ver nisso a legítima pressão, a teimosa insistência e a aguerrida persistência dos inconformados com tantas formas de negação de acesso à justiça, à vida plena? De procura de reconhecimento do próprio valor, de busca de liberdade, de autonomia, de reconciliação, e de paz? Pessoas que arriscam e se expõem não para se beneficiar, mas para permitir que o ‘outro’, os paralíticos da vida, comecem a caminhar autonomamente. Para que eles, enfim livres de tanta paralisia e de tantos pesos experimentem a graça da liberdade de andar, de anunciar, de servir. A liberdade de carregar em seus braços outros ‘paralíticos’ e de abrir-lhes novos caminhos. Arrombando e ‘abrindo buracos’ em corações endurecidos que insistem em lhes impedir o encontro com a esperança e a vontade de viver.
São esses ‘homens e mulheres’ compassivos que encontramos ao longo do nosso caminho que ajudam os ‘incapacitados de andar’ a romper barreiras. Que abrem caminho dentre os preconceitos e as maldições da multidão para que ‘nós paralíticos’ avancemos para o encontro com Jesus. Uma multidão tão cega que é incapaz de enxergar aqueles que dentre ela não possuem as suas mesmas oportunidades. Desejosa somente de se beneficiar pessoal e egoisticamente através do contato com Jesus. Que se torna tão dura de coração que não só dificulta o acesso aos ‘quatro homens’ e ao paralítico, mas que também lhes barra o caminho. Para que o encontro com Jesus não aconteça. Imaginemos, por um instante, a coragem, a ousadia e a criatividade dos ‘quatro’ ao perceberem a impossibilidade de entrar na casa pelos ‘caminhos normais’. Impedidos pela multidão ‘invadem’ a casa abrindo um buraco no teto. Como não ver nisso a legítima pressão, a teimosa insistência e a aguerrida persistência dos inconformados com tantas formas de negação de acesso à justiça, à vida plena? De procura de reconhecimento do próprio valor, de busca de liberdade, de autonomia, de reconciliação, e de paz? Pessoas que arriscam e se expõem não para se beneficiar, mas para permitir que o ‘outro’, os paralíticos da vida, comecem a caminhar autonomamente. Para que eles, enfim livres de tanta paralisia e de tantos pesos experimentem a graça da liberdade de andar, de anunciar, de servir. A liberdade de carregar em seus braços outros ‘paralíticos’ e de abrir-lhes novos caminhos. Arrombando e ‘abrindo buracos’ em corações endurecidos que insistem em lhes impedir o encontro com a esperança e a vontade de viver.
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