Quem de nós nunca
desejou ou, talvez, tenha até suplicado, para conseguir uma ‘segunda chance’ na
vida? Quem de nós nunca se sentiu insignificante ao ver ‘as portas’ se fecharem
na nossa cara por sermos considerados seres incômodos? Quem de nós
não se sentiu, alguma vez, tentado em desistir de tudo e de todos ao tocar com mão a dureza
de coração de pessoas que imaginávamos compassivas e próximas de nós e que, ao
contrário, revelaram-se incompreensivas e incapazes de entenderem as nossas
fragilidades e as nossas falhas? Nessas circunstâncias, instintivamente, olhávamos
para o céu como que a tentar encontrar um rosto misericordioso, divino,
paterno e materno que não encontrávamos nos humanos. E quantos de nós
decepcionados com a incapacidade de tantas pessoas de nos perdoar e
compreender, acabamos projetando dentro de nós e no ‘céu’ um rosto divino sem
piedade, vingativo e cruel. Enfim, um Deus que não dá uma segunda chance.
A parábola hodierna apresentada por Lucas
parece ter um duplo objetivo. De um lado quer responder polemicamente a quantos
haviam assumido e incorporado dentro de si a identidade de um Deus legalista,
frio e raivoso principalmente com aqueles que não obedeciam aos preceitos
determinados por uma elite sacerdotal arrogante e auto-referencial (filho mais velho). Criticavam Jesus pelo fato que o mestre tinha compaixão e acolhida para com os impuros
e os não praticantes (filho mais novo). E do outro lado, a apresentação da lógica de um Deus (pai), - antagônico
à concepção dos sacerdotes, - que eles desconheciam e não aceitavam. O Deus de
Jesus de Nazaré é aquele pai que não encobre o erro do filho, mas lhe
oferece uma segunda chance sem lhe exigir súplicas e pedidos humilhantes. Foi justamente aquela chance
que se demonstrou essencial para que ele superasse dentro de si a outra imagem distorcida de Deus que também ele tinha. E
isso não somente graças à sua manifestação de arrependimento, e sim, por
acreditar profundamente dentro de si que no coração ‘Daquele’ pai só cabia
misericórdia. Aquela misericórdia que ele já havia vivenciado quando morava com ele e que acredtou não lhe ser negada, agora, após tantas escolhas erradas . Essa fé no novo ‘abraço generoso e acolhedor’ do pai ao ser confirmada por ele lhe daria a extrema garantia que não se havia enganado ao voltar junto dele. Apostou na compaixão do
Pai, e aprende a dar para si e para os outros sempre novas chances!
Um comentário:
Qué rico!
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