Túnis, África, o "berço" da Primavera Árabe recebeu oficialmente a partir de ontem terça-feira (26) mais uma edição do Fórum Social Mundial (FSM). Desde 2001, o FSM, que surgiu em contraposição ao Fórum Econômico Mundial, vem reunindo periodicamente dezenas de milhares de pessoas que se deslocam das mais distintas partes do mundo para discussão de alternativas aos sistemas de hegemonia e dominação (políticos, econômicos, culturais etc.). O contexto em que se realizará este encontro internacional é tenso e complexo. A imolação de um vendedor de rua da cidade de Sidi Bouzid que teve o seu carrinho de frutas e verduras impedido de trabalhar pelas autoridades locais, em dezembro de 2010, catapultou uma onda intensa de manifestações massivas que abalou as estruturas da ditadura comandada pelo militar Zine El Abidine Ben Ali.
Para o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que vem acompanhando muito de perto o processo do FSM desde os seus primórdios, espera-se que esta edição que se inicia contribua para o processo democrático na Tunísia, que experimenta um quadro de convulsão política, econômica e social que se estende Magrebe e Machereque. "Apesar de assumir a sua dimensão mundial, o Fórum tem, desde a sua origem em Porto Alegre, uma forte ligação com inquietações locais", observa o professor da Universidade de Coimbra. Para Boaventura, o ideal de um "outro mundo possível", lema clássico e crucial do Fórum Social Mundial, deve levar obrigatoriamente em conta a questão da "dignidade", tema-chave do encontro deste ano. A dignidade, acrescenta o professor, resulta de uma conquista de autonomia e de respeito e embute o sentido mais profundo da diversidade. Nessa linha, a Primavera Árabe que impressionou o mundo em sua luta contra a monocultura política das ditaduras, tem também o desafio de enfrentar, além dos já citados desafios no campo econômico, a monocultura religiosa. A tradicional marcha de abertura do FSM 2013 teve início às 16,00 h, com saída da praça 14 de janeiro de 2011, que foi um dos epicentros das recentes revoltas. A multidão ganhou as ruas de Túnis até o Estádio Menzah, ponto final da caminhada onde, já à noite, se apresentou o cantor brasileiro e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil.(Fonte: Carta Maior)
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