sábado, 18 de maio de 2013

PENTECOSTES - Criar comunhão libertadora com todos os seres do cosmos! ( Jo. 14,15-16.23-26)


Parece haver uma linguagem comum e plural ao mesmo tempo, mas universalmente compreensível. Uma espécie de pentecostes planetária, mesmo que às avessas. A linguagem do mercado e da mercadoria. Dos ‘fonemas mercantilistas planetariamente inteligíveis’ da produção artificial e desnecessária, mas que faz sentir o prazer de comprar, manusear e consumir. A sensação de existir e de ter valor. Não necessariamente produções de objetos materiais, mas de mercadorias imateriais com alto poder sedutor e inspirador. Idéias, modismos culturais, formas religiosas e outros que parecem nos iludir que os hominídeos agora estão se entendendo, mesmo que de forma desigual. Estaríamos, finalmente, afinando a nossa comunicação para cultuarmos universalmente os ‘mesmos deuses’. Quais outros elementos unificadores teríamos senão essa compulsão em comprar, consumir, descartar, embora isso possa ocorrer num shopping ou numa igreja? Dinâmicas essas que levam os hominídeos invadir terras e culturas, a explorar, cooptar e dominar outros seres da mesma espécie. Só um ‘espírito universal novo’, um vendaval planetário potente capaz de varrer vícios antigos e dependências primitivas para reconhecer que só existe um ‘único’ Deus universal, o da fraternidade, do respeito pelo outro e pelo seu ambiente! O Deus da solidariedade sem barreiras alfandegárias, e da compaixão pelos mais frágeis e expostos. 
Ouso acreditar que foi esta experiência ‘pentecostal’, de conversão e de consciência nova que transformou aquela ‘seita social e religiosa’ formada por pessoas simples da Galileia. Foi a surpreendente tomada de consciência grupal que permitiu adquirir uma visão e uma postura universalista dos problemas e das aspirações que eles próprios possuíam e sentiam. A intuição original de que o novo jeito de governar de Deus devia acontecer, simultaneamente, no micro, em Jerusalém, no macro, até os extremos confins da terra, e mediante ‘todos os seres humanos’ independentemente de cultura e pertença religiosa. Foi certamente uma experiência de fé de grupo, mas com um desejo e uma vontade de que todos os filhos e filhas de Deus pudessem estar presentes naquele processo de compreensão progressiva, e fazer a mesma experiência de solidariedade universal, mesmo que vivendo num lugar específico. Acostumamo-nos a definir a nossa igreja como ‘católica’, ou seja, universal, mas as nossas práticas, muitas vezes, continuam sectárias, tópicas, voltadas para dentro da instituição. O fogo do Espírito do ‘Ressuscitado e dos Ressuscitados’ parece acalentar ainda pessoas com medo de sair dos nossos pequenos templos para ‘produzir’, com coragem, ‘comunhão libertadora’ com todos ‘os homens e mulheres, com os seres vivos, do cosmos. Afinal, é este o único e verdadeiro templo em que os hominídeos podem se sentir ‘irmãos e irmãs’ do único ‘Senhor’. É este o único e verdadeiro templo universal que merece ser zelado e cuidado. Que mais e mais pentecostes aconteçam! 

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