Mais uma vez vem da Alemanha uma proposta para a admissão dos divorciados em segunda união aos sacramentos, e mais uma vez dizem no Vaticano que se trata de uma "saída desesperada", que não pode ser coberta com o amplo manto do novo curso bergogliano. Eles acrescentam que Francisco está estudando, sim, o problema, mas ainda não há uma conclusão, e essas "saídas" não ajudam. Trata-se de um texto de "orientações pastorais" do Escritório para a Família da Arquidiocese de Friburgo, que foi noticiado pelo SpiegelOnline. Ele apresenta caminhos de "acompanhamento" para os separados, os divorciados e os divorciados em segunda união. O problema grave é o dos recasados. O texto considera como praticável a sua readmissão aos sacramentos através de conversas com um "guia espiritual", depois de apurada a impossibilidade de voltar ao primeiro matrimônio, realizado um caminho de "penitência" pelos erros cometidos e esclarecida a seriedade da nova união. Já duas ou três vezes o Papa Francisco acenou para a questão, prometendo que fará com que o conselho dos oito cardeais e o Sínodo Extraordinário dos Bispos, convocado nessa terça-feira para 2014, estudem a questão. Mas é provável que a solução "inspirada na misericórdia" que Bergoglio tem em mente seja menos audaz do que a de Friburgo. O fato é que essa matéria é um verdadeiro canteiro de obras, e é natural que, ao papa que estuda um passo, sejam pedidos dois.
O acesso à comunhão dos divorciados em segunda união não é uma concessão pastoral misericordiosa, mas toca o significado do sacramento eucarístico, assim como ele foi até aqui entendido na prática religiosa atual. Ele coloca em primeiro plano a ideia da comunidade de fé ("o partir do pão"), à qual os divorciados em segunda união gostariam de continuar pertencendo. Ele se afasta de uma visão da eucaristia como "apropriação" privada do corpo de Cristo, pela qual "para ter acesso à eucaristia é preciso estar na graça de Deus, enquanto os divorciados estão em contraste com a lei de Deus sobre o matrimônio" (como afirma a doutrina tradicional). A reação da Igreja alemã ao afastamento progressivo dos seus fiéis é uma resposta sincera à sua consternação de se sentirem rejeitados pelas suas escolhas conscientes de vida. É atenção à "humanidade real", segundo o espírito do Papa Francisco. Mas, então, não é mais uma questão de dentro ou de fora da Igreja, mas sim de profunda evolução e maturação "antropológica" da sociedade atual. O discurso volta sobre os temas de fundo da "natureza humana", "natureza da família", "os direitos fundamentais do indivíduo" etc., sobre os quais o autêntico diálogo entre leigos e crentes-de-Igreja continua sendo (na Itália) substancialmente evitado.(Fonte: IHU - re-elaboração do blogueiro)
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