Haja fé para enfrentar a labuta do dia a dia! Haja fé para correr atrás do pão cotidiano para si e para a própria família. Haja fé para aguentar filas em bancos, hospitais, pontos de ônibus, e ter que ouvir desaforos de gente mal-humorada. Haja fé para ouvir sermões, e papos moralistas de religiosos mais ou menos bem intencionados. Haja fé para percorrer ruas e praças dos nossos bairros onde a cada esquina poderia aparecer alguém ameaçando ou assaltando. Haja fé, enfim, para ser ou continuar a ser discípulo/a de Jesus de Nazaré! É essa fé que os discípulos do Mestre lhe pediram. Afinal, Jesus lhes havia apresentado tantas e tão duras condições que não havia como não se assustar! Jesus lhes pedia, de fato, que renunciassem a colocar os afetos familiares em primeiro lugar, exigia que se despojassem dos bens materiais e fossem solidários com os pobres Lázaros, pressionava-os para que entrassem pela porta estreita e que carregassem sua própria cruz. Diante de um mestre que não garantia aos seus seguidores nenhum cargo, nem privilégios, nem segurança física, e tampouco bem-estar pleno, - mas, aparentemente, só exigências, - só lhes restava pedir que ‘aumentasse’ a sua fé no seguimento a Jesus.
Fé, nesse contexto, é coragem para aderir ao chamado dirigido pelo Mestre aos seus discípulos para que entrem sem medo, de forma definitiva e incondicional, na ‘força-tarefa’ de construir a Realeza de Deus. Um jeito novo de conceber as pessoas e a realidade, a religião e o sentido da vida. Daí as duas parábolas um tanto chocantes de Jesus. Quando uma pessoa descobre onde as suas energias e qualidades podem e devem ser investidas, quais valores devem ser assumidos, e a serviço de quais grandes causas pode dedicar a sua vida, ela adquire uma força ilimitada. Pode deslocar montanhas, desobstruir qualquer obstáculo que encontra no seu caminho! Ao mesmo tempo, porém, ao descobrir esse poder, o discípulo não pode e não deve utilizar isso como uma espécie de moeda de troca. Não pode se achar nem melhor e nem mais merecedor de retribuições por parte de Deus do que outro que não possui a sua mesma fé. Pelo fato de ele gastar a sua vida em favor dos demais, isso não lhe dá o direto de se achar ‘o cara’, merecedor de glória e de reconhecimento público. Afinal, fez o que devia fazer porque era o seu coração e a sua fé que lho pedia. Porque naquela entrega desinteressada e na sua dedicação gratuita em favor do Reino encontrou a sua verdadeira felicidade. Aquele tesouro de verdade que ninguém pode surrupiar e nem a traça estragar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário