Ao nos adentrar na semana santa é importante termos alguns pontos chave para ler, meditar e interpretar o que os evangelhos nos transitem sobre os últimos dias de Jesus em Jerusalém, antes de ser crucificado. Vale lembrar que as narrativas da paixão, morte e ressurreição foram as primeiras a serem colocadas por escrito por alguns discípulos de Jesus. São, portanto, as mais antigas. A de Marcos é, em absoluto, a narração mais antiga, e serviu de base para Mateus, Lucas e João. As narrativas da paixão não seguem os critérios da moderna historiografia. Não são crônicas ou reportagens. São reconstruções catequéticas. Querem transmitir uma mensagem bem específica. Se fôssemos confrontá-las entre si descobriríamos não só a existência de muitas diferenças, mas até de contradições devido ao público diferenciado a que se dirigem. Vamos tentar retomar a narrativa de Marcos e destacar alguns pontos que podem nos ajudar a compreender o seu modo de interpretar e apresentar a paixão de Jesus. Marcos escreve para pagãos convertidos. Comunidades que não conheciam o antigo testamento. Comunidades que haviam feito a opção de crer em Jesus, mas que ainda se sentiam frágeis em sua fé e vivência cristã. Marcos sabe disso, e com o intuito de aprofundar sempre mais a sua relação com Jesus de Nazaré o evangelista apresenta um Jesus extremamente humano. Não um super-homem, um personagem heroico, mas um homem carregado de medo, de angústias e dúvidas, como todos os humanos. Os próprios discípulos de Jesus aparecem medrosos e traidores. Fazendo assim, Marcos deseja que as suas comunidades se identifiquem com Jesus, por senti-lo próximo de sua realidade e sensibilidade. Ao mesmo tempo, ao apresentar a fragilidade dos seus seguidores quer encorajar as comunidades a não se escandalizar e a não desistir caso sejam incoerentes e infiéis. Afinal, os fundadores da igreja não foram melhores que elas! Vejamos alguns pontos.
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