sábado, 14 de março de 2015

Quem dera que os governantes fossem como pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai!


As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes, as repúblicas nasceram para dizer que todos somos iguais. E entre os iguais estão os governantes. Ninguém é mais que ninguém, começando pelo governante (Pepe Mujica)

No mundo inteiro governantes reivindicam para si privilégios, até mesmo no Uruguai, ontem, hoje e, provavelmente, por muitos anos, talvez sempre. Atendimento no Sírio Libanês, vencimentos altos para si e para toda a “corte”, roupas, restaurantes, veículos caros, mordomias e mais mordomias, seja torneiro mecânico, milico ou sociólogo. Essa realidade todo mundo conhece, mas há ainda os que não tem qualquer pudor da luxúria. Hitler, Mussolini abusaram do hedonismo, da tirania. Mais recentemente, George Bush e Sílvio Berlusconi também posaram de deuses no Olimpo. Diante desse quadro, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica que, recusa qualquer benesse presidencial e doa 90% de seu salário para a caridade, é um forte contraponto. O discurso fácil e despolitizado dos mais conservadores acusa o presidente uruguaio por seus feitos mais conhecidos: a suposta “liberação” da maconha, a descriminalização do aborto e o casamento gay. Sobre o primeiro destes feitos, diz Mujica:...temos que ter cuidado, porque não é uma legalização como as pessoas supõem no exterior, não vai haver comércio, os estrangeiros não poderão vir aqui ao Uruguai para comprar maconha. 
Personalidade forte, posições firmes, coisa muito distinta entre os governantes contemporâneos, que comportam-se como marionetes da moralidade cristã, afirmando sua cristandade, filiando-se falaciosamente à igreja paulina para garantir votos e popularidade. Sua sinceridade cortante e seus 78 anos de idade revelam-se na crítica aos estadunidenses feita pessoalmente ao Presidente Barack Obama: “os americanos deveriam fumar menos e aprender mais idiomas”. De passado guerrilheiro, sendo um dos mais importantes combatentes da odiosa ditadura militar uruguaia, tornou-se um pacifista convicto, afirmando não existir “guerras justas”. Para a elite conservadora, incapaz de viver com menos, de consumir menos, a irritante coerência entre o discurso de Mujica e sua prática revolucionária serão, por muito tempo, um fantasma a assombrar seus sonhos mesquinhos e individualistas. Para a história da república, Mujica foi o presidente que, desde Platão, melhor compreendeu a ideia de “coisa pública” (do grego, res = coisa + publica), desprezando regalias e outras benesses não condizentes com o ideário de igualdade de direitos que pressupõe o espírito republicano. Sem pavulagem, Pepe Mujica escancara, para a história da República, a mesma incoerência entre, por um lado, certas seitas neopentecostais cristãs, que pregam a prosperidade e, por outro, o Cristo histórico, pobre e desapegado de riquezas. Na república uruguaia há também ricos e pobres, ainda que a desigualdade tenha diminuído, mas seu povo pode dizer com orgulho, como nenhum outro no mundo, que entre aqueles que promovem a injustiça social não está seu Presidente da República (Blog do Luis Nassif)


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