Situação
caótica e dramática dos povos indígenas no Maranhão. Às vésperas da 'famigerada
comemoração do dia 19 de abril' o que se constata é um recrudescimento da
violência, a física e a moral, e da histórica e vergonhosa exploração dos indígenas mediante
o uso e a manipulação dos cartões da Caixa, só para fazer um exemplo. A física:
dois indígenas Guajajara assassinados nesses últimos dois meses (na Terra
Araribóia), um com requinte de crueldade. A moral: o descaso na educação, na assistência à
saúde, com falta de remédios e de visitas das equipes médicas às aldeias, entre outros. Em várias
aldeias por nós visitadas, recentemente, na Terra Bacurizinho, os evidentes sinais
da desnutrição e o revoltante sentimento de abandono. Educação, por exemplo, que é ‘bom’ vem
se tornando sempre mais um negócio da China para muitos setores, em que pese o endurecimento e a
tentativa do governo do Estado em moralizar as relações entre usuários - corpo
docente, promessas de melhoria das estruturas físicas, e transporte escolar,
entre outros. Prédios abandonados ou sucateados, sem energias, sem carteiras,
sem material escolar, falsificação de dados (censo de alunos), pressões da 'máfia dos transportes' para renovar contratos milionários, e outras pérolas da
esperteza animal que acaba envolvendo muita gente, inclusive graúda. Os conflitos pela
defesa do território parecem conhecer uma aparente trégua, mas talvez
signifiquem uma espécie de cansaço dos indígenas em denunciar sem obter em
troca algum sinal por parte de Funai, MPF, PF, etc. Com a chegada do verão já estão sendo retomadas as incursões de madeireiros que apesar de esporádicas operações
repressoras do Ibama e da PF (poucas, na realidade) em 2015, continuam lucrando com o
roubo escancarado de madeira nobre nas Terras indígenas Alto Turiaçu,
Arariboia, Bacurizinho, Awá-Guajá, entre outras. Agora, com a nova conjuntura
política, pesa como uma espada de Dámocles na testa dos povos indígenas a retomada de várias emendas constitucionais que poderão dar um poder jamais conhecido a
um congresso sem moral e sempre mais faminto de negar direitos e controlar históricas
reivindicações.
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