quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Informais e subocupados, no Brasil, respondem por oito entre cada 10 novos empregos, por Lauro Veiga Filho

 Os dados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma deterioração constante e crescente do mercado de trabalho. O total de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas atingiu sua marca mais elevada em toda a série da pesquisa no terceiro trimestre deste ano, num recorde de 7,771 milhões de trabalhadores (ou 8,4% do total de ocupados, frente a 7,5% no mesmo trimestre do ano passado). O número cresceu praticamente 23,9% em quatro trimestres (1,498 milhão de trabalhadores a mais do que no terceiro trimestre do ano passado, quando os subocupados somavam 6,273 milhões). Além disso, o total de informais aproximou-se de 39,965 milhões no trimestre encerrado em setembro último (incluindo trabalhadores sem carteira no setor público, categoria não considerada pelo IBGE ao estimar os números da informalidade no mercado de trabalho). No terceiro trimestre de 2020, a pesquisa contava 33,942 milhões de informais. Comparando os dois períodos, registrou-se um aumento de 17,7%, com 6,023 milhões de informais a mais – o que representou dois terços de todos os empregos criados no período.

Juntos, informais e subocupados passaram de 40,215 milhões no terceiro trimestre do ano passado em todo o País para 47,736 milhões na aferição mais recente, numa elevação de 18,7%, correspondendo a um incremento absoluto de 7,512 milhões. Isso significa dizer que praticamente 78,9% de todos os empregos abertos no período foram ocupados por informais ou subocupados. Mais da metade dos ocupados, portanto, algo como 51,3% passaram a ser informais ou subocupados. O dado explica, na média do País, porque o rendimento real (descontada a inflação) atingiu seu mais baixo valor na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, caindo 11,1% entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo trimestre deste ano, saindo de R$ 2.766 para R$ 2.459.

A taxa de desemprego no País baixou de 14,9% no terceiro trimestre do ano passado para 12,6% no mesmo período deste ano. O número de desocupados caiu de fato 7,8% no País, de 14,958 milhões para 13,453 milhões. Esses números mostram melhoria, sim, mas porque aumentou o número de pessoas que passaram a realizar trabalhos de baixa remuneração, em geral temporários, sem férias, 13º salário e outros direitos. Mesmo diante da queda no desemprego e do crescimento do emprego, a massa de renda dos trabalhadores continuou estagnada, numa clara demonstração da deterioração em cena no mercado de trabalho, com a geração de ocupações de baixa qualificação, salários achatados e literalmente direito algum.

Lauro Veiga Filho – Jornalista, foi secretário de redação do Diário Comércio & Indústria, editor de economia da Visão, repórter da Folha de S.Paulo em Brasília, chefiou o escritório da Gazeta Mercantil em Goiânia e colabora com o jornal Valor Econômico.

Nenhum comentário: