Ó Pai como estamos longe das profecias de Isaías e de Miqueias que em suas visões vislumbravam um tempo de paz plena: as espadas e as lanças dos exércitos seriam transformadas em arados e foices para que a terra pudesse produzir o pão de justiça e da fartura!
Assistimos ao
ritmo incessante das estações que passam em nossas vidas com suas primaveras
verdejantes e seus invernos rígidos, mas parece que a nossa história não é mais
história de salvação, e sim, uma sucessão infindável de agressões e extorsões,
de violações e abusos, de assassinatos e crimes hediondos contra a criação e as
criaturas.
Estamos a vagar
desconsolados e desnorteados, desarmados de esperança e coragem, ó Pai, numa
humanidade esfacelada em que não sabemos mais quem é o agressor e o agredido, o
julgador e o julgado, o protetor e o ameaçador, o carcereiro e o encarcerado. E
quem deveria nos defender deixou definitivamente o seu disfarce e aparece aos
nossos olhos como um monstro armado e prepotente que nos amedronta e chantageia
e nos desarma, sistematicamente, da pouca esperança que ainda guardamos na
bainha do nosso coração.
Precisamos, ó Pai,
do vosso espírito de sabedoria para discernir e escolher as ‘verdadeiras armas’
que transformam a destruição e a violência em plenitude de vida, e o desespero
e o medo em coragem e esperança.
Precisamos do
vosso espírito de fortaleza para não aderir à logica perversa do ódio, e jamais
entrar na espiral da vingança. E nunca permitais que tripudiemos quando virmos
um soldado fardado matar um nosso filho desviado. Para eles, bandidos são
sempre os outros!
E, enfim, te
pedimos, ó Pai, não permitais que desistamos do sonho de proteger e assistir o
‘Abel’ permanentemente reencarnado nos milhares de filhos e filhas vossos que
são massacrados por aqueles que ganham dinheiro e prestígio ao eliminar o
‘Caim’ que ameaça as praças, mas que, de fato, nunca saiu de dentro do seu
coração.
Não queremos
desistir do sonho de transformar os revólveres dos chefes das facções e as
metralhadoras das corporações fardadas ou não, em colheres e garfos, em panelas
e pratos para que sejam saciados quem ainda tem fome de justiça e paz! Amém
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