segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Assembléia diocesana de Grajaú: as pastorais sociais, missão de Jesus, prática da igreja.PARTE I

Em Barra do Corda, Maranhão, no centro de pastoral diocesano foi realizada a assembléia diocesana anual da igreja de Grajaú. Cerca de 100 pessoas entre leigos, padres e religiosas representando 12 paróquias, durante 3 dias (7-9 de novembro) se concentraram e debruçaram sobre o tema-urgência “Pastorais Sociais” na vida e missão da igreja. Foi um privilégio ter podido participar diretamente nos debates e no oferecimento de algumas reflexões sobre um tema que não raramente faz surgir polêmicas e incompreensões dentro e fora da igreja. Vi uma igreja à procura, aberta e disponível a encontrar novos e inéditos caminhos para ser “referência moral” nessa região do sertão maranhense. A convivência com aqueles homens e mulheres dispostos a não abrirem mão da sua esperança me deu a oportunidade de tecer algumas considerações sobre...as pastorais sociais da igreja católica!

A pastoral social é a resposta programática alternativa que Caim deveria ter dado a Deus no jardim do Édem ao ser inquirido por Deus:”Onde está teu irmão-ã”? Na resposta alternativa, em lugar de responder “eu sou por acaso o guardião de meu irmão”, Caim poderia ter respondido:” Eu sou sim, o guardião protetor, o vigia, o zelador, do meu irmão-ã!” Com efeito, as pastorais sociais da igreja católica são a expressão viva e concreta de uma igreja que carrega sobre si a responsabilidade de ser sentinela permanente da sociedade para que nenhuma ameaça, agressão, invasão ao sacrário que é a vida possa atingi-la. Elas são as que “dão o alarme” quando algo ou alguém está querendo atentar à vida em plenitude que cada ser vivo possui como direito inalienável!

É inegável que há setores dentro da própria igreja que acusam essas pastorais de não possuírem uma espiritualidade autêntica e de serem a ponta-de-lança da “teologia da libertação”. Uma teologia que, segundo eles, mais se parece a um conjunto de ensaios sociológicos de cunho marxista do que a uma verdadeira reflexão teológica sobre os fundamentos da fé cristã. Esquecem porque desconhecem a prática do agente missionário Jesus de Nazaré!
As pastorais sociais fincam suas raízes nas entranhas dos anseios e dramas humanos, nos clamores dos pequenos e socialmente invisíveis (os pobres) e da própria criação tão deturpada e ameaçada. Ao mesmo tempo, as pastorais sociais estão alicerçadas na concretude da palavra-testemunho, no Reino-governo novo, em ação concreta, iluminada, planejada e executada pelos profetas, por Jesus de Nazaré e por inúmeros cristãos que acreditam ser possível amenizar a dor humana e devolver a esperança sufocada.

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