Quantas distorções catequéticas e teológicas incorporamos e ensinamos ao longo da história da igreja! Quantas vezes nos foi dito que Deus ‘entregou o seu filho à morte’ para podermos alcançar a anistia-perdão de um fantasmagórico ‘deus todo-poderoso’ eternamente sedento de sangue expiatório? Um ‘deus’ que, supostamente, não teria poupado nem o seu próprio filho! Quantos apelos ao sacrifício irrenunciável como único meio de redenção! Afinal, o próprio Jesus também havia se sacrificado! Logo, todos nós devíamos imitá-lo em seu calvário! E quantas vezes nos sentimos culpados por não termos experimentado, intimamente, coragem e conformação na hora de enfrentar a nossa dor, o nosso sofrimento, a nossa angústia interior como Jesus o fez? Convictos que temos sido de que a cruz é um meio indispensável para a nossa salvação! Há uma oração no missal do rito romano, e que é rezada na quinta feira santa. Um claro resquício dessa teologia da morte redentora. Uma verdadeira heresia: ‘Ó Deus, vós que quiseste que o vosso Filho sofresse e padecesse na cruz.....’. Não existe nada mais contraditório e blasfemo do que escrever e rezar tal oração em que se atribui ao Deus de Jesus Cristo o desejo-vontade de querer a morte do ‘filho amado’ como condição para perdoar a humanidade pecadora! O evangelho de hoje, graças a Deus, é uma clara negação dessas imagens distorcidas do Deus de Jesus de Nazaré e ainda presentes no nosso cotidiano. Senão, vejamos.
João se demonstra um verdadeiro analista da realidade da sua época. O evangelista coloca em contínua relação o sentido da prática de Jesus de Nazaré com a realidade social e política a ele contemporânea. Percebe que a memória do modo de agir de Jesus, compassivo e terno, continua sendo, a distância de anos, uma verdadeira fonte de esperança para alguns e um desvendamento de práticas mortíferas para outros. João vai delineando na sua leitura sociológica e teológica, simultaneamente, a existência de crucificados e de crucificadores. De amantes e praticantes da verdade e de produtores de mentiras e de trevas. Mais do que isso: pessoas que pregam um Deus que quer a condenação e a morte-destruição do mundo, e outros, como Jesus, que anunciam que Deus ‘amou de tal forma o mundo que enviou o seu próprio filho ao mundo para que ninguém morra’ (v.16). Para que ninguém se perca! Qual teria sido, afinal, a inovação trazida por Jesus se ele tivesse se encarnado só para repetir o que já outros diziam? Para pregar e divulgar, - como os sacerdotes do templo e os escribas vinham fazendo, - de que Deus pune, castiga, condena? Era nisso que todo o mundo acreditava!
João, ao contrário, vê nos gestos e nas escolhas de Jesus e, principalmente, na sua vitória sobre a morte, o grande diferencial. É no gesto, - propositalmente ambivalente, - de ‘ser levantado’ (v.14), na cruz e levantado dentre os mortos, simultaneamente, - que ele vê, simbolicamente, o momento da grande ruptura. Ruptura com os dogmas e as práticas más, mentirosas, de uma sociedade-religião alicerçada na ameaça, no medo, na condenação. E, positivamente, identifica naquele gesto-sinal a expressão máxima do amor-entrega de Deus para com o mundo. É esse mundo, afinal, - obra de Suas entranhas amorosas, - que deve ser amado. Acolhido e protegido, e não ameaçado e condenado. Um mundo a ser preservado e defendido de todos aqueles que através da mentira e de todo tipo de subterfúgio ‘praticam ações más’ contra a integridade do mundo. Fortalecendo e reproduzindo, assim, o reino da mentira e das trevas (v.20) Nesse sentido, Jesus revela uma nova e inédita identidade de Deus: ele é luz e esperança para os que praticam a verdade e a coerência de vida. Mas é desmascaramento e desmoralização para ‘os filhos das trevas’. Estes não precisam de condenação divina. Eles próprios, com suas ações, se colocam à margem da luz da felicidade e da vida plena. (v.18)
João se demonstra um verdadeiro analista da realidade da sua época. O evangelista coloca em contínua relação o sentido da prática de Jesus de Nazaré com a realidade social e política a ele contemporânea. Percebe que a memória do modo de agir de Jesus, compassivo e terno, continua sendo, a distância de anos, uma verdadeira fonte de esperança para alguns e um desvendamento de práticas mortíferas para outros. João vai delineando na sua leitura sociológica e teológica, simultaneamente, a existência de crucificados e de crucificadores. De amantes e praticantes da verdade e de produtores de mentiras e de trevas. Mais do que isso: pessoas que pregam um Deus que quer a condenação e a morte-destruição do mundo, e outros, como Jesus, que anunciam que Deus ‘amou de tal forma o mundo que enviou o seu próprio filho ao mundo para que ninguém morra’ (v.16). Para que ninguém se perca! Qual teria sido, afinal, a inovação trazida por Jesus se ele tivesse se encarnado só para repetir o que já outros diziam? Para pregar e divulgar, - como os sacerdotes do templo e os escribas vinham fazendo, - de que Deus pune, castiga, condena? Era nisso que todo o mundo acreditava!
João, ao contrário, vê nos gestos e nas escolhas de Jesus e, principalmente, na sua vitória sobre a morte, o grande diferencial. É no gesto, - propositalmente ambivalente, - de ‘ser levantado’ (v.14), na cruz e levantado dentre os mortos, simultaneamente, - que ele vê, simbolicamente, o momento da grande ruptura. Ruptura com os dogmas e as práticas más, mentirosas, de uma sociedade-religião alicerçada na ameaça, no medo, na condenação. E, positivamente, identifica naquele gesto-sinal a expressão máxima do amor-entrega de Deus para com o mundo. É esse mundo, afinal, - obra de Suas entranhas amorosas, - que deve ser amado. Acolhido e protegido, e não ameaçado e condenado. Um mundo a ser preservado e defendido de todos aqueles que através da mentira e de todo tipo de subterfúgio ‘praticam ações más’ contra a integridade do mundo. Fortalecendo e reproduzindo, assim, o reino da mentira e das trevas (v.20) Nesse sentido, Jesus revela uma nova e inédita identidade de Deus: ele é luz e esperança para os que praticam a verdade e a coerência de vida. Mas é desmascaramento e desmoralização para ‘os filhos das trevas’. Estes não precisam de condenação divina. Eles próprios, com suas ações, se colocam à margem da luz da felicidade e da vida plena. (v.18)
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