Ao que tudo indica, ter citado à imprensa o namoro entre um dos filhos de Jair Bolsonaro e a filha do suposto miliciano Ronnie Lessa – preso na terça (12) pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes – custou o cargo do delegado do caso, Giniton Lages. Segundo o colunista de O Globo, Lauro Jardim, o investigador será afastado sob o pretexto de que já cumpriu sua missão no inquérito.
Ontem, durante coletiva de imprensa, Lages disse que encerrou a primeira fase de investigação sobre o assassinato político da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, que vai completar 1 ano em março. Neste primeiro ciclo foram presos dois supostos milicianos, Ronnie Lessa e ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação.Lessa é vizinho de Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro. Todos têm residência no mesmo condomínio no Rio de Janeiro. Questionado pela imprensa, o delegado admitiu que houve namoro entre um filho de Bolsonaro e a filha do dito miliciano, vizinho da família presidencial. Mas, segundo Lages, essa relação não era “importante” para esta fase da investigação do caso Marielle, e seria “analisada no momento oportuno”. Segundo Lauro Jardim, o chefe da Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius Braga, decidiu afastar Lages após a declaração. Ele “indicará na semana que vem o encarregado da segunda etapa da investigação, centrada em descobrir quem mandou matar a vereadora e o motorista.”
“Oficialmente, o motivo dado será que ele cumpriu sua missão.” A decisão da Polícia contraria as expectativas em torno do caso Marielle. Na segunda fase da operação prometida pelo delegado Lages, o mandante do crime seria perseguido.
O jornalista Kennedy Alencar chegou a sugerir a federalização da investigação, porque informações da primeira operação foram vazadas – os milicianos sabiam que seriam presos. Além disso, o jornalista sugeriu que a “polícia precisa colocar foco nas relações políticas e pessoais dos acusados de executar Marielle e Anderson, o sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz. Também devem ser investigados o histórico patrimonial de ambos (seguir o caminho do dinheiro).” Enquanto isso, a família Bolsonaro menospreza a morte de Marielle. O filho Eduardo Bolsonaro disse que se trata de um assassinato comum, como os outros 60 mil registrados no País no último levantamento. Já o próprio presidente misturou o atentado que sofreu durante a eleição – praticado por Adélio Bispo, que foi diagnosticado com problema mental – com a chacina que vitimou Marielle – arquitetada pelo crime organizado. (GGN)
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