Quando vivemos numa situação de fragilidade e de dúvidas, em geral, procuramos estar em permanente estado de alerta. Buscamos respostas e formas de superação às nossas incapacidades e contradições. Ao contrário, quando achamos que estamos com a bola toda, e nos sentimos fortes, é que aparecem as tentações e as seduções! Acomodamo-nos e baixamos a guarda! Com Jesus não foi diferente! Jesus estava ‘cheio do Espírito Santo, e era guiado, pelo deserto, por Ele’ (v.1). É nessa condição de ‘força total’ que, paradoxalmente, sente dentro de si as piores seduções diabólicas que um missionário pode sentir. E que o acompanharão ao longo de toda a sua vida (simbolicamente, 40 dias!). Na narração de Lucas o ‘grande sedutor’ sabe que Jesus é ‘filho de Deus’, e como tal o trata. É como se o maligno quisesse testar ‘o filho amado do Pai’ para verificar se possui, de fato, as condições necessárias para cumprir com a sua missão. Como se fosse uma espécie de medida pedagógica, e não o desejo de derrubá-lo!
Lucas deixa claro que todo seguidor de Jesus terá que passar, como Ele, por um conjunto de seduções e a elas resistir, e combater...
A primeira sedução: jamais um discípulo deverá usar suas qualidades ou dons para tirar vantagem pessoal em sua missão. Jamais deverá usar o seu ‘cargo-missão’ para se aproveitar das pessoas que confiam nele.
A terceira sedução: jamais um discípulo deveria abrir mão de um testemunho discreto, silencioso, e quase oculto. E nunca deveria lançar mão de sinais e gestos espetaculares, messiânicos, e ‘míticos’. A segunda sedução é a principal e a mais terrível. O discípulo de Jesus terá que renunciar, sempre e em qualquer circunstância, à sedução do ‘PODER’. O poder entendido como ‘força econômica e política descontrolada’ é sempre diabólico. Nunca o discípulo poderá fazer média com ele, e com os seus seguidores. Ele tem a força sedutora de nos tornar dependentes e idólatras. Traidores e corruptos. Seduzidos pelo fascínio do ‘poder’ seremos mercenários do maligno que escraviza. Deixaremos de ser missionários livres, ‘verdadeiros adoradores’ do Reino da liberdade e da gratuidade, proclamado por Jesus de Nazaré.
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