A intervenção de Francisco derruba a legislação de Bento XVI intitulada Summorum pontificum, de 2007, que permite um maior uso da missa em latim pré-Vaticano II e estabelece uma série de novas condições rígidas que dão mais autoridade aos bispos locais. A decisão de Bento XVI havia permitido celebrações do Rito Antigo onde quer que um grupo de fiéis as solicitasse. Mas, com esta última decisão, cada padre que celebra o Rito Antigo deve agora obter a permissão de seu bispo para continuar a fazê-lo, enquanto qualquer padre ordenado após esta última decisão deve submeter um pedido formal ao seu bispo local, que, por sua vez, deve consultar a Santa Sé.
A intervenção de Francisco visa a tornar a liturgia tridentina uma exceção, ao invés da norma, e conter os padres mais jovens e tradicionalistas que desejam rezar o Rito Antigo. Sua decisão também contesta o argumento que foi desenvolvido em alguns círculos eclesiais e entre certos cardeais de que o Rito Antigo, conhecido como “Forma Extraordinária”, pode coexistir e influenciar as celebrações ordinárias da liturgia. Francisco, no entanto, determinou que a liturgia que surgiu após as reformas do Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, é a “única expressão” do Rito Romano, e não usa a expressão "Forma Extraordinária". Ele também afirma que uma das condições para a celebração da missa pré-Vaticano II é que “tais grupos não excluam a validade e a legitimidade da reforma litúrgica e dos ditados do Concílio Vaticano II”. O Rito Antigo exige que os padres rezem as orações da missa em latim muitas vezes de forma inaudível, enquanto se voltam ad orientem (de costas para o povo). Embora muitos sejam atraídos por seu estilo contemplativo e sobrenatural, o Rito Antigo também se tornou um ponto de encontro para a dissidência ao pontificado de Francisco e de oposição ao Vaticano II. Francisco se diz entristecido, explicando em uma carta aos bispos que acompanha seu motu próprio Traditionis custodes que a Missa Tridentina tem sido cada vez caracterizada “por uma rejeição crescente não só da reforma litúrgica, mas do Concílio Vaticano II, com a afirmação infundada e insustentável de que ele traiu a Tradição e a ‘verdadeira Igreja’”.
(Christopher Lamb, publicada em The Tablet, 16-07-2021.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário