quinta-feira, 17 de abril de 2025

Guerra no Sudão faz 2 anos em cenário cada vez mais complexo

Briga entre generais deflagrou conflito que já matou 150 mil pessoas e deixou 64% da população dependente de assistência humanitária. Apesar das dificuldades, sociedade civil segue como fonte de resistência e apoio. O Sudão, terceiro maior país da África, vem enfrentando há dois anos uma espiral negativa desde que um conflito entre os generais das Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido escalou para uma guerra. De acordo com as Nações Unidas, o país do nordeste africano – rico em ouro, petróleo e terras férteis – mergulhou em uma das maiores crises humanitárias e de deslocamento forçado do mundo. Da população de 51 milhões, 64% agora dependem de assistência humanitária, e cerca de 12 milhões foram deslocadas. Mulheres e meninas sudanesas foram particularmente afetadas pela crise, pois não apenas constituem a maioria dos deslocados, mas também sofrem com agressões sexuais generalizadas e estupros coletivos. Estimar o número de mortos é difícil devido aos combates em andamento, mas dados mais recentes de organizações humanitárias internacionais saltaram de cerca de 40 mil para 150 mil mortos. À medida que a guerra entra em seu terceiro ano nesta terça-feira (15/04), o país corre cada vez mais o risco de ser dividido entre duas administrações rivais. Para Hager Ali, pesquisadora do Instituto para Estudos Globais e Regionais (Giga), isso limitaria ainda mais a esperança de um fim à violência. "Temos que olhar para um horizonte temporal de 20 anos ou mais. O Sudão não precisa apenas de um acordo de paz, pois os cismas entre o centro do país e a periferia, etnias, religiões e tribos se aprofundaram", disse ela à DW. Por que a guerra começou? Em outubro de 2021, um golpe militar liderado pelo general Abdel-Fattah Burhan, das Forças Armadas Sudanesas (SAF), e apoiado por seu vice e chefe dos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), general Mohamed Hamdan Dagalo, depôs o governo de transição do Sudão que tinha a tarefa de implementar uma rota para a democracia. No entanto, após Burhan não conseguir criar um governo liderado por civis em estreita cooperação com um Conselho Supremo liderado por militares e por Dagalo, ambos os generais se desentenderam sobre a integração das paramilitares RSF às SAF em meados de abril de 2023. "A guerra começou com um grande impasse na capital do Sudão, Cartum, onde os combates se transformaram em uma guerra de trincheiras urbanas que se espalhou por todo o país", disse Ali. (IHU)

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