sábado, 19 de abril de 2025

RESSURREIÇÃO 'LEIGA'! Um depoimento verdadeiro de uma mãe

“Encontrava-me diante do túmulo de minha filha como vinha fazendo todos os dias, às 16:00 horas da tarde, no cemitério de Verona. Após ter trocado as flores e recolocada uma nova vela, estava contemplando a foto daquele rostinho luminoso apagado aos 23 anos por um caminhão, no centro da cidade. Improvisamente, de forma inexplicável apareceu na minha mente um pensamento, quase como uma voz a sussurrar aos meus ouvidos ‘tua filha não está aqui, tua filha é muito mais que um cadáver, pensa bem...’ Senti um calafrio percorrendo o meu corpo que começou a tremer compulsiva e descontroladamente. Tentei me acalmar e fiquei a imaginar como seria minha filha após sete meses de falecida. Imaginei que, talvez, tivesse ainda um pouco dos seus cabelos loiros, a roupa com a qual a vesti antes de ser depositada no caixão e, meu Deus, o seu corpo atlético sem músculos e pele, o seu rosto seria sem carne, sem aqueles grandes olhos castanhos. Uma caveira. Voltei a tremer, num misto de revolta e espanto. Não conseguia aceitar que aquela minha filha, jovem e cheia de vida, brincalhona, carinhosa, dedicada a organizar campanhas de roupa e alimentos com os seus amigos para os coitados da rodoviária, não podia ser um terrificante cadáver. Voltei para casa e decidi visitar com meu marido os amigos de minha filha, saber onde eles estavam e o que faziam. Vi e senti que ela estava viva neles, naqueles jovens que nunca deixaram de distribuir cobertores e amizade. Minha filha estava lá, viva e atuante por meio deles, e não num túmulo qualquer do cemitério da cidade! Nunca mais voltei ao cemitério, pois sabia que lá era só o lugar dos cadáveres e não o lugar dos vivos, ou, como dizem vocês cristãos, o lugar dos ressuscitados!”

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