Vivemos numa sociedade em que a gratuidade parece ter sido substituída pela lógica sistemática do cálculo da relação custo-benefício. Nas relações humano-afetivas e nas sociais e políticas. Até nas relações místico-religiosas conservamos ainda muitos resquícios de uma relação mercantilista com Deus. Tentamos comprá-lo com dízimos, promessas, doações ao templo, fórmulas, práticas sacramentais e orações achando que Ele aceita e partilha a nossa lógica perversa. Achamos que Deus se deixa comprar e cooptar como nós podemos fazer. Somos incapazes de compreender que Deus nos ama, nos acolhe e nos protege independentemente daquilo que somos e fazemos. De forma gratuita e incondicional. Parece que nós humanos adotamos definitivamente o princípio segundo o qual ‘tudo tem um preço’. E Deus também teria o dele! Estamos dispostos a arcar com um custo muito alto para ‘comprar’ a benevolência e a proteção divina desde que o benefício produzido/esperado seja bem maior. Essa atitude reflete o que no cotidiano ocorre na nossa relação com os nossos semelhantes. O sistema relacional competitivo e mercantilista decidido e adotado por nós humanos na nossa relação com o outro o aplicamos também à relação que temos com Deus. Este não passaria de uma ‘produção e de um mero reflexo’ do nosso modo de agir e nos relacionar.
A lógica relacional adotada por Jesus com os seus discípulos e com as pessoas foi outra. Rompeu com a relação servil que existia para com Deus e rompeu com as relações interpessoais pautadas pelo interesse, a competição, a manipulação. Revelou e provou que a lógica do amor incondicional e gratuito ao outro é a própria lógica de Deus. E não mais uma mera produção humana interesseira. Ocorre que nós também somos herdeiros e reprodutores da lógica do custo-benefício, do vendedor-comprador, do senhor-servo, do mestre-discípulo. Nascemos e nos ‘educamos’ nessa relação. Condicionados por ela a reproduzimos como se fosse a única forma de nos relacionar com os outros. Jesus nos convida a romper com essa lógica assumindo a dinâmica do amor que, se for verdadeiro, sempre é gratuito e incondicional. É o amor que de fato opera a destruição da perversidade da relação custo-benefício e das relações desiguais e dependentes. O amor, sem apagar as diferenças próprias e alheias, liberta-nos de tudo o que poderia ameaçar a liberdade e a gratuidade. Isso, porém, não é fruto de uma decisão voluntarista, mas de um processo educativo. Aprendendo e fazendo. Fazendo e aprendendo. Como Santo Agostinho podemos repetir: ’Ama e faz o que quiser’! E certamente o ‘querer’ de quem ama é que @ outr@ viva. Nem que isso signifique ‘morrer por el@!
FELIZ DIA DAS MÃES QUE AMAM DE FORMA INCONDICIONAL COMO DEUS!
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